quarta-feira, 29 de outubro de 2008


O juiz mandou-o sentar-se após lhe ler as acusações que sobre si pendiam no âmbito do processo, tudo conforme os preceitos do código penal, era um juiz muito sisudo, pouco expansivo. Ele alegou que estava inocente, tinham-no confundido certamente com outra pessoa, era alheio aos factos que lhe queriam imputar, só podia, ele era pessoa de bem, tinha boas referências na sociedade e todos lhe queriam bem, era primário, mas você confessou o ilícito disse-lhe o juiz. O arguido ficou amarelo e perguntou, eu? E o juiz mostrou-lhe, a páginas quinze do processo, a sua assinatura na confissão de parte. Meretíssimo, esta assinatura não é minha, por amor de deus, referiu ele com cara de espanto. Como não é sua? O juiz parecia estranhar aquela resposta, tinha os óculos já a cair-lhe do nariz enquanto se inclinava em direcção ao arguido. Não, insistia ele, não assinei nada disso, Sr. Dr. Juiz, eu nem sei assinar ora! O juiz não queria acreditar, mas que raio de processo este, pensava ele, e tudo por causa de meia dúzia de letras.

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