sexta-feira, 31 de outubro de 2008

uma boa entrevista, na "Visão"

Excertos da entrevista de Maria Filomena Mónica (socióloga e professora universitária, investigadora, casada com o também sociólogo e investigador António Barreto), à "Visão", uma pessoa muito coerente, lúcida e esclarecida, comme il faut:
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"E José Sócrates, arrepia-a?

Não gosto dele, mas não me arrepia. É um pequeno tecnocrata. Nunca tive esperanças nele, sempre o achei um bocado irritante, porque está convencido de que é melhor do que é. E não é muito bom. Usou o truque do «quero, posso e mando», coisa de que os portugueses até gostam e os capitalistas precisam. Não me desiludiu. Já com o Santana Lopes, esperava rir-me imenso, mas, passada uma semana, já não lhe achava graça nenhuma...
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Mas tem políticos-ódio-de-estimação?

Não sei... Deixei de ver televisão ha dois anos. Mais do que o Governo, chocam-me os deputados. Ninguém sabe quem são. Nem têm liberdade de voto, como no caso do casamento homossexual... Assim, bastavam cinco deputados, um de cada partido, com uma determinada quota de votos, proporcional ao resultado eleitoral. E pronto, poupava-se um dinheirão. Mais: a função nobre dos parlamentares é vigiarem o que os governos andam a fazer. E não se passa nada disso. E lêem papéis! Eu não oiço o discurso de um tribuno que lê um papel.
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Ao invocar a superioridade ocidental ainda será acusada de xenofobia...

Esto a falar em on e consciente do que digo. Os valores que derivam da tradição iluminista, a razão, a liberdade individual e o Estado de Direito são superiores, na constituição da sociedade, aos valores que regem as sociedades islâmicas, em que não há separação entre o poder político e o religioso. Isto não tem a ver com raças nem xenofobia. Mas com a organização das sociedades."

Exactamente...

2 comentários:

Luísa A. disse...

Também gostei de ler, Flip. Com reservas em relação a certas perspectivas, acho-a, em geral, muito lúcida e desassombrada.

Flip disse...

cara luísa,
adorei, principalmente pela espontaneidade que a caracteriza e, mesmo assim, deslumbrante na sua clarividência. :-)