quarta-feira, 5 de novembro de 2008


Já frequentava o salão do Senhor Batista fazia tempo, fui até dos que lhe deu a idéia de que por cada dez cortes o cliente deveria ter direito a um gratuito. A partir daí, ele passou a olhar-me de soslaio, talvez não o cativasse tal proposta ou a mesma não coubesse nos seus propósitos mercantis, enfim, muito provavelmente até nem precisa de mais clientela, basta-lhe a que já tem. Mas naquele dia estava mais receptivo, mostrou-me as novas poltronas, confessou-me que acabara com as revistas cor-de-rosa, uma xaxada disse ele, quero lá saber destes candidatos a jet set de algibeira, gente de bem não necessita de alarde ou promover-se a si próprio, uns presunçosos dizia ele, eu abanava a cabeça concordando e sorria da triste figura desta gente oca e arrivista, mas ele insistia, tinha até contratado uma nova empregada, apresentou-ma, era muito simpática e gentil, um doce, umas mãos de sonho. Claro que lhe pedi para esquecer a tal proposta, tinha sido um lapso meu. Ele nem ouviu, a sua atenção era agora a nova empregada, a dele e a minha, claro. E eu só lá vou aparar a barba, gosto dela rala. Ah, e agora só se lê o jornal diário, pouco, diria mesmo muito pouco, é o que dizem. Melhorou muito! Parece que vai contratar mais outra mocinha!

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