domingo, 12 de agosto de 2012

nova marginal de Luanda (quase pronta) - foto flipvinagre

Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.
David Mourão-Ferreira

2 comentários:

mfc disse...

Foi tão bom poder reler este poema.!

Um abração no regresso de férias.

Flip disse...

grande abraço manel
:-)