segunda-feira, 16 de maio de 2011

a lua ignora que é tranquila e clara e não pode sequer saber que é lua; a areia, que é a areia. não há uma coisa que saiba que a sua forma é rara. as peças de marfim são tão alheias ao abstracto xadrez como essa mão que as rege. talvez o destino humano, breve alegria e longas odisseias, seja instrumento de outro. ignoramos. dar-lhe o nome de Deus não nos conforta. em vão também o medo, a angústia, a absorta e truncada oração que iniciamos.
que arco terá então lançado a seta que eu sou?
que cume pode ser a meta?

jorge luis borges

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