segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Eis Tim Noble e Sue Webster e o seu invulgar, original e extraordinário trabalho/arte. Tivera eu a oportunidade de ser mecenas e só os Medici se me comparariam. Recebi por email e aqui ficam alguns desses trabalhos, que consistem em juntar uma pilha de objectos (lixo) de uma forma aparentemente aleatória e de seguida iluminá-la com um foco de luz.


No meio da amálgama de lixo estão escondidas formas que somente se revelam em formas de sombras projectadas numa parede


Ambos os autores trabalham em Londres, tendo o seu trabalho sido já integrado em exposições de Arte Contemporânea da Royal Academy.

Verdadeiros artistas.

toldos de Santa Cruz - foto flipvinagre
Aldous Huxley


cruzei-me com ela
e o seu cheiro tornou-me prisioneiro
das manhãs de verão,
e a sua soberana aquiescência
fez de mim um madrugador

domingo, 30 de agosto de 2009


na praia do Penedo, Santa Cruz - foto flipvinagre


o poeta vagueia sem rumo pré-definido,
flutua entre vadias constelações
colhendo fragmentos que vai decifrando
por entre palavras que liberta
na sua infinita inquietação,
buscando
ele completa o imperativo da sua alma

ilha do Mussulo, Luanda - foto recebida via email


Sempre pensava no mar como la mar, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se ele fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem el mar, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como nas mulheres, pensava ele.
Ernest Hemingway in O Velho e o Mar




"(...) Vale a pena recordar que o melhor período da nossa economia, no século passado, se deveu, em especial, à entrada para a EFTA e ao estatuto privilegiado contido no Anexo G. As vantagens comparativas então conseguidas atraíram para Portugal numerosas e decisivas indústrias, hoje em incontida debandada. Em função das novas circunstâncias, impõe-se-nos agora criar vantagens comparativas, afeiçoadas às realidades internacionais presentes.(...)
Não como nos encontramos hoje: com uma caricatura de democracia, baseada no engano das gentes e na estreiteza das competências, os portugueses arrastam-se ‘às cegas’ para um desastre, que não é desejado, nem pressentido. (...)
O Estado Novo naufragou por falta de solução para as guerras coloniais; sem resposta eficaz para o presente afundamento económico, a actual democracia mergulhará o nosso País numa confusão financeira e social, de efeitos dificilmente previsíveis, e acabará por ser substituída. Provavelmente, entre 2015 e 2020.
As eleições que estão à vista serão decisivas, neste contexto de acelerada decadência: o ataque frontal às fragilidades da economia é hoje ‘o’ verdadeiro problema de Portugal, o que importa relevar vivamente.
Porque, se não houver uma proposta política que o contemple, nem a identificação prévia da gente, competente e séria, que irá concretizá-la, não teremos cura que chegue para a questão económica.
Mostram-se o PS e o PSD à altura destas necessidades prementes do País?
Se forem o mesmo PS, que leva agora onze em catorze anos de Governo, e o mesmo PSD, que soma três, as minhas preocupações atingirão o grau do ‘pavor’.
Pede-se-lhes, por isso, três coisas apenas: primeira, um pequeno programa, claro e curto, e não, como usualmente, uma ‘apólice’ de seguro para enganar os eleitores, que contemple só as medidas indispensáveis para atingir os objectivos económicos enunciados; segundo, a indicação dos nomes previstos para as Finanças, a Economia, a Justiça, a Educação e a Segurança Social, garantes da sua execução, já que os ‘partidos’, em si mesmos, não gozam da confiança da maioria dos portugueses; e, terceiro, que restaurem a ética na política.
Só assim me parece que haverá condições para iniciar um processo de reconstrução, porque legitimado pelo voto esclarecido e responsável de uma maioria.(...)
O que verdadeiramente espero?
Que o PS e o PSD se compenetrem de que vivemos num tempo histórico, muito arriscado, incerto e ameaçador: se falharem, mais uma vez em quase duas décadas, acabará por ser varrida a partidocracia que ergueram e comandam em Portugal.

Medina Carreira, Ex-ministro das Finança, hj, no "CM".

sábado, 29 de agosto de 2009


em Óbidos - foto flipvinagre

"Feliz do Homem que não espera nada, pois nunca terá desilusões"

Alexander Pope


leio nos media "Liedson convocado para a selecção portuguesa"
mas tenho dúvidas sobre esta matéria. Foi o Liedson que se naturalizou ou foi naturalizado? Vale tudo para um dirigente tirar dividendos? Isto não evidencia a falta de uma política ajustada para o desenvolvimento do desporto nacional? E será que, pelas naturalizações, não se está a camuflar também a incompetência dos dirigentes? E não se desvirtuará o conceito de selecção nacional ou será que impera a distorção e perversão sobre o assunto?
Que me sinto satisfeito se daí surgirem resultados positivos? Claro, mas assim o ‘jogo’ não fica viciado? Matéria polémica, sem dúvida...
O conselheiro
Luís Fernando Veríssimo
8:00 Domingo, 2 de Ago de 2009

João riu muito quando a Heleninha contou que tinha um ursinho de estimação sem o qual não saberia viver e que ele se chamava Tedi.
- Vá se acostumando - disse a futura sogra ao João, dias antes do casamento, depois de a Heleninha revelar que levaria o Tedi na lua-de-mel.
- Ela não larga esse ursinho. Desde menininha.
E Heleninha levou o ursinho de estimação na lua-de-mel. E colocou o ursinho na cama do casal depois de voltarem da lua-de-mel e se instalarem no apartamento novo. E João não se cansava de olhar a nova mulher dormindo abraçada ao seu ursinho. Bonito, aquilo. Heleninha, no fundo, ainda era uma criança.
O ursinho era a segurança de Heleninha. Era o seu apego à infância e às suas doces ingenuidades. E o seu confidente. E o seu conselheiro.
- Ah, é? - sorriu João. - Você conta todos os seus segredos para o Tedi?
- Conto.
- E ele lhe dá conselhos?
- Dá.
- Um dia vou ter que ter uma conversa com esse ursinho...
- Ele não fala com qualquer um - disse Heleninha, séria.
João deu uma boa risada. Mas Heleninha continuou séria. Estava sentida. O marido estava fazendo pouco dela. Estava tratando-a como a uma criança. No dia seguinte, Heleninha pediu para João ir dormir na sala.
- Porquê?
- O Tedi acha que será melhor para o nosso casamento.
A sogra recomendou ao João que tivesse paciência. Na verdade, durante toda a infância e a adolescência de Heleninha, os conselhos que ela atribuía ao Tedi tinham se revelado muito sensatos. A própria escolha do João como marido fora do Tedi, segundo Heleninha. João entendia do mercado de capitais. Ficaria rico, comprando e vendendo na hora certa. Daria uma boa vida a Heleninha, na opinião do Tedi. Estava passando por dificuldades no momento, mas quem não estava no seu ramo? Era só recomeçar a fazer as escolhas certas e voltaria a ter sucesso no mercado de capitais. Segundo o Tedi.
João resistiu à conclusão de que toda a família era louca e decidiu que o jeito era conquistar a boa vontade do Tedi.
Mas como? Nem todo o amor que sentia por Heleninha o faria puxar conversa com um ursinho de estimação. Que, além de tudo, não falava com qualquer um. O que fazer? Resolveu pedir a Heleninha que lhe transmitisse as instruções do Tedi sobre quando e o que comprar e quando e o que vender. E, seguindo os conselhos do Tedi, João voltou a ganhar dinheiro.
João não comenta com ninguém do ramo o segredo do seu sucesso. Nem acredita que são os conselhos do Tedi os responsáveis pela sua recuperação. É tudo coincidência, claro. Mas o mercado está de um jeito, raciocina, que deve-se aceitar ajuda de onde vier.
E pelo menos o Tedi o deixou voltar para a cama da Heleninha."

in "Expresso"

reflexos de Óbidos - foto flipvinagre

sacudi as saudades de Óbidos, ao tempo que não visitava esta urbe maravilhosa, o casario no interior do castelo, a história que aquelas pedras guardam, o ambiente turístico que ali se vive e respira, tudo com conta peso e medida, e saber que o nosso património histórico e cultural se empenha em dar vida àquela mesma localidade, encantando quem a visita e honrando-nos perante os que nos visitam. A isto acresce uma ginjinha em chocolate, que cai bem, como ginjas. Um prazer que suscita regozijos e vontade de voltar, um outro dia.
«Aquele que pensa que sabe muito, mas não sabe de nada, a sua ignorância é tanta, que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta»

François Fénelon


aziago o sonho que me acordou, logo esquecido pela surpresa do teu sorriso, percebes de encantar os dias com emoção, tens vida e siso, tens tudo na mão, eu?
Eu vivo para aprender de ti

sexta-feira, 28 de agosto de 2009


pelas ruelas de Cascais - foto flipvinagre


A tua inquietude era incapaz de me transtornar o sono, uma inquietude assim fundada nas minhas certezas permite-me dormir profundamente,
mantém, pois, a razão dessa tua inquietude


esperei por ela
uma espera inquietante
uma unha partida, outra roída e zás
vou à janela
tudo é distante
o tempo voa voraz
a vida foi-me singular
apaixonei-me pelo mar
e sigo navegando
até quando, até quando ?

quinta-feira, 27 de agosto de 2009


"De um modo geral, o homem tem de andar às apalpadelas; não sabe de onde veio nem para onde vai, conhece pouco do mundo e menos ainda de si mesmo".

Johann Goethe

recuperada do baú - equipe de andebol (68/70) dos Maristas/Silva Porto (sempre vencedores)

tanto quanto me lembro (...que me perdoem os demais), em baixo Geirinhas (7), Paulino (10) e em pé: Locas (do Lobito, sem camisola), Irmão Prefeito, Abel (1) e euzinho(5).

revivendo as quedas de Kalandula(ex-quedas Duque de Bragança)Angola - foto toni morais


O Homem vive preocupado em viver muito e não em viver bem, quando afinal não depende dele viver muito mas sim viver bem.

Séneca

Hoje, no DN, diz e bem a Maria José Nogueira Pinto (sob o título: Uniões de facto: o que se pretende?)
"(...) Certamente mais útil é relembrar duas perigosas particularidades da nossa democracia que têm vindo a agravar-se.
A primeira refere-se ao modo como se tem legislado em Portugal: quer a aprovação recente, em sede de governo e em sede parlamentar, de leis inconstitucionais, quer a aprovação de leis que se revelam, logo após a sua entrada em vigor, incompreensíveis, inaplicáveis e perniciosas para os próprios destinatários. Do alto do seu cadeiral o poder constituído legisla indiferente à realidade social e sociológica que o rodeia, alheio aos anseios e legítimos interesses dos cidadãos e distante dos que têm por função aplicar a lei. O caldeirão parlamentar sobrepõe-se ao valor da certeza e segurança jurídica.
A segunda diz respeito a esta crescente invasão da esfera privada dos cidadãos. O Estado - que tantas vezes falha nas suas mais relevantes funções - quer hoje tomar conta de todos e cada um de nós: dos nossos casamentos, dos nossos divórcios, das nossas uniões de facto, das nossas famílias, da educação dos nossos filhos e até da quantidade de sal em cada carcaça que comemos. É uma ameaça crescente às liberdades individuais e cívicas em nome das boas intenções que enchem o inferno e da legitimação de uma ditadura do pensamento único.
Isto sim, é perigosamente ideológico. O que me leva a ter saudades do "é proibido proibir" do remoto Maio de 68 que era bem melhor. Seria então proibido proibir as famílias e os cônjuges de serem o que são, e proibido proibir os que vivem em união de facto de serem o que querem ser. Aliás, parece-me que ninguém pediu o contrário. Quando muito, e justamente, o direito à diferença."

janelas de Cascais - foto flipvinagre

o mar de azul surge à minha frente
e os teus olhos soltam-se da memória onde os fixei com a tua pele morena,
e quando o sol desaparece naquele abismo longínquo,
a tua silhueta persiste em povoar o meu horizonte
e o veleiro move-se nas ondas
como costumo navegar-te

quarta-feira, 26 de agosto de 2009



"No fundo, só se sabe que sabemos pouco; com o saber cresce a dúvida"

Johann Goethe
Selos e futuros
A Luísa, muito gentilmente, brindou-me com o selo do Blog viciante, que muito honra a Administração deste modesto Blog e desafia-me a continuar uma corrente associada à atribuição do simpático selo "Seu blogue é viciante".

E porque não há prémios grátis, devo observar as seguintes regras:
1. Colocar no blogue o selo do prémio… (ei-lo aqui ao lado, até fica bem).
2. Indicar 10 blogues que considere viciantes… (nomeio todos os referenciados na lateral).
3. Dizer três coisas que pretenda fazer no futuro.

Sobre o futuro:
a) amanhã de manhã, para variar, outro mergulho na praia;
b) Sexta-Feira, uma sardinhada em Santa Cruz com amigos;
c) Segunda ou Terça-Feira, matar as saudades do Palácio da Pena, onde já não passo há algum tempo. Eis o futuro imediato, depois ainda não sei.

Passo este desafio de planificação do futuro aos meus «bloggers viciantes» constantes na lateral, que muito gosto.

depois dos sorrisos tímidos,
dos olhares envergonhados, dos silêncios abafados e dos pensamentos vadios,
depois da partilha do mar e da lua e das manhãs de dias perfeitos,
foi inevitável embarcar contigo no mesmo barco

já não tinham familia, estavam no lar de idosos há cerca de três meses
e apaixonaram-se,
as más línguas diziam que ele ia casar por interesse,
ela ainda era a dona da farmácia lá da terra
e ele
um romântico incurável

terça-feira, 25 de agosto de 2009


O amor, enquanto afeição humana, é o amor que deseja o bem, possui uma disposição amigável, promove a felicidade dos demais e alegra-se com ela. Mas é patente que aqueles que possuem uma inclinação meramente sexual não amam a pessoa por nenhum dos motivos ligados à verdadeira afeição e não se preocupam com a sua felicidade, mas podem até mesmo levá-la à maior infelicidade simplesmente visando satisfazer a sua própria inclinação e apetite. O amor sexual faz da pessoa amada um objecto do apetite; tão logo foi possuída e o apetite saciado, ela é descartada «tal como um limão sugado».

Emmanuel Kant, in 'Lições de Ética'

esta referência de Kant ao limão é que se afigura discutível...
Lê-se no Público:
"Eleições
PS e PSD gastam mais de 50 milhões de euros na campanha das eleições autárquicas
(...)
As maiores fatias destinam-se a propaganda (cerca de 10 milhões para cartazes e telas) e 3,7 milhões para brindes. Para os comícios, o orçamento do PSD é irrisório: 441 mil euros. Já no PS, as verbas mais elevadas são distribuí-das pela concepção da campanha (9,1 milhões), a propaganda (9,3 milhões) e também pelos comícios (5,7 milhões)."
Será?!?!?!
acho que é dinheiro mal gasto. O país possui muitos desempregados, os tempos que correm recomendam o corte em despesas inúteis e desnecessárias, existem muitos reformados aos quais um pequeno aumento seria recomendável, outras classes sociais com reivindicações poderiam igualmente suprir as suas carência etc etc...É notícia que não cai bem, de todo, sem fundamento subjacente válido, este regime assenta na subsídio-dependência e os seus representantes parecem acomodados, pobres de nós que os temos que sustentar, má fortuna! Ah, dispenso brindes, cartazes à minha porta (desfiguram e sujam a via pública)o barulho dos megafones, então as pessoas já não sabem o que cada um gasta? Ora...

pelas ruelas de Cascais - foto flipvinagre

as luzes projectavam-se na ponte,
as águas do rio guardavam o teu olhar perdido, e o teu divagar só foi quebrado quando
o teu sorriso perspícuo se cruzou com o meu,
só o curso das águas permaneceu inalterado

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


em Cascais - foto flipvinagre
"A tragédia é a vida em primeiro plano; a comédia, a vida em plano geral".
Charles Chaplin




Disse-me que tinha luas, o seu comportamento, portanto, varia. Naquele dia, quiçá por acaso, consegui adivinhar-lhe a lua, via-se que era cheia, toda ela irradiava luz e simpatia, reflexo da sua plenitude, e da minha também, por consequência.
Só a quis ver de novo decorrido o mês sinódico.


Vai subir (?) perguntou-me ela, e eu respondi que sim, e ambos aguardámos pelo elevador, estava no 9º piso.
Ela era uma mulher bonita.
De repente, o elevador ficou preso no 6º andar.
Ela, diligente, carregava nos botões na esperança de o elevador se pôr a andar mas, nada. De súbito, as luzes deixaram de piscar e um silêncio acomodou-se onde nos encontrávamos. O elevador ter-se-à avariado definitivamente, pensámos ambos.
Ela saíu, desistiu, até hoje arrependo-me de não ter sugerido termos optado pelas escadas, nem que a levasse ao colo, para a cave, para o terraço, para onde quer que fosse, gosto imenso de ajudar.

domingo, 23 de agosto de 2009


Lg. Dr. Passos Vela, Cascais - foto flipvinagre

No mar tanta tormenta e tanto dano
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida
Que não se arme e indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?

Luís Vaz de Camões , Os Lusíadas (I,106)

aconselhável sempre tê-los à mão de semear

Um livro a ler por todos aqueles que quiserem saber mais sobre esta matéria: "Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola" relata abandono de portugueses em Angola
Quando procurava elementos sobre o seu pai, desaparecido em Angola, em 1975, a jornalista Leonor Figueiredo descobriu que cerca de duas centenas e meia de portugueses foram deixados propositadamente nos cárceres do MPLA, pelas Forças Armadas Portuguesas, no momento da retirada da antiga colónia. Alguns dos detidos tinham feito assaltos e roubado armamento para um outro movimento de libertação, o de Holden Roberto. Um deles, conseguiu mesmo sequestrar um avião. Portugal não quis que estes portugueses regressassem à metrópole nem os quis submeter aos tribunais nacionais. Atirou-os para a justiça alheia, mesmo sabendo que estes jovens de 30 anos tinham sido raptados meses antes da independência de Angola por elementos do MPLA.
À história trágica de seu pai, a autora somou outros casos desconhecidos sobre a polémica descolonização de Angola, como a prisão de um primo juiz do então Presidente Costa Gomes; a verdadeira história da médica Fernanda Sá Pereira, desaparecida na sequência de uma falsa notícia sobre antropofagia; a busca infrutífera do irmão do comandante Bravo, que o nosso governo não queria que fosse português." (trecho da autoria da FNAC na apresentação do livro).
Depois de ler este livro, testemunho mais do que evidente da valia (nenhuma/nula/negativa) das autoridades portuguesas de então, apodera-se de quem conheceu e viveu (mesmo de raspão) o que se passou, um sentimento de enorme revolta, raiva, fúria e desprezo. Portugal não fica bem na fotografia e Angola (do MPLA) é reduzida a uma escória de bandidagem da pior espécie (autores de autênticos processos kafkianos, massacres, torturas, terrorismo).
Uma página muito negra na história de Portugal (que pouco a pouco vai conhecendo a luz do dia) que não exerceu, como lhe competia, o dever de assegurar a transicção de poderes de forma isenta, responsável e com honra. Espero que um dia se faça justiça, e que sejam julgados e condenados severamente esses vermes que não honraram a pátria e que desprezaram os seus.
E louve-se a coragem da jornalista Leonor Figueiredo, que nos deu a conhecer a verdade sobre o que muitos portugueses sofreram, por inoperância do seu país e dos incompetentes ou (des)governantes então no poder, que os ignorou por completo. Dignifica-se neste livo, o direito à verdade, bem haja Senhora Jornalista.
Leonor Figueiredo deu já entrevistas várias, vale a pena lê-las (entre outras, no DN e no CM, é só clickar em cada um).

sábado, 22 de agosto de 2009


do baú - Luanda (Clube Naval) - recordações

(...) Essa crença de que a vida tem realmente recompensas e castigos, de que subjacente a tudo existe um padrão de significado mais profundo, que transcende o que nós próprios lhe atribuímos... isso não passa de magia consoladora.

Ian McEwan, in "Cães pretos"


"(...) o casamento, como a vida inteira, é algo terrivelmente difícil que é preciso tornar a começar do princípio cada dia, todos os dias da nossa vida. O esforço é permanente, e inclusivamente muitas vezes esgotante, mas vale a pena. Uma personagem de um qualquer dos meus romances di-lo de forma mais crua: 'Também o amor se aprende."

Plínio Apuleyo de Mendoza e Gabriel García Márquez in O aroma da goiaba, ed. Dom Quixote

clicke AQUI e divirta-se um bocadinho

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Parque Marechal Carmona, Cascais (não é o patinho feio) - foto flipvinagre