terça-feira, 13 de setembro de 2011

embondeiro na Kanjala (Benguela) - foto flipvinagre

Não gosto de 'raízes' e da imagem ainda menos. As raízes enfiam-se na terra, contorcem-se na lama, crescem nas trevas, mantêm a árvore cativa desde o seu nascimento e alimentam-na graças a uma chantagem. 'Se te libertas, morres!' As árvores têm de se resignar, precisam das suas raízes; os homens não. Respiramos a luz, cobiçamos o céu e quando nos metemos na terra é para a apodrecer. Pertenço a uma tribo nómada que vagueia desde sempre por um deserto com as dimensões do mundo. As nossas pátrias são oásis que abandonamos quando a nascente seca, as nossas casas são tendas disfarçadas de edifícios, de pedra, as nossas nacionalidades são uma questão de datas, ou de berços. A única coisa que nos une uns aos outros, para além das gerações, para além dos mares, para além da Babel das línguas, será o ruído de um nome."
Amin Maalouf, in "Origens", Ed. Difel, 1999

1 comentário:

mfc disse...

Eu preciso imenso das minhas raízes... não vivo sem elas!