Li no "Expresso" e aqui fica também como desabafo, não é ser 'botaabaixista', é mais um sintoma da descrença nesta trampa toda, desculpem lá isto...
"Só, a um canto e a reflectir no estado do país,
apanhei uma depressão total, ó valha-me Deus!
Comendador Marques de Correia (www.expresso.pt)
0:01 Sábado, 12 de Dez de 2009
Onde o nosso Comendador reconhece o seu estado doentio, provocado pelo estado ainda mais doentio do país, e se recusa a resolver mais problemas da nação, ainda que lho peçam. Não sei quanto tempo mais resistirei à desgraça! Não, não sei!
Não sei mesmo se conseguirei sobreviver. O Pinto Monteiro quer que eu o aconselhe sobre as escutas e não sei que dizer-lhe; o Cavaco quer que eu ache bem o facto de ele ter alugado uns 22 quartos num hotel de luxo no Estoril e eu não sei que
dizer-lhe; o Sócrates quer que eu me indigne por ele ter sido escutado a falar com o Vara e eu não sei que dizer-lhe; o Vara quer que eu acredite que ele apenas recebeu uma caixa de robalos e um equipamento do Esmoriz e eu não sei que lhe diga.
Além disso, 10 economistas altamente reputados querem que eu perceba que não há outra hipótese senão aumentar os impostos e eu não sei o que lhes diga; mas o Teixeira dos Santos diz que isso é mentira e eu não sei o que lhe diga. No meio de tudo isto, o Vieira da Silva quer que eu entenda que ele tem o direito de dizer que as escutas são espionagem política, e eu não faço a menor ideia se isso é assim. E há ainda o presidente do Supremo que me pede encarecidamente que eu olhe para ele com respeito, e eu tento, mas não sei se consigo.
E há, ainda, a momentosa questão do Tratado de Lisboa, que o Luís Amado e o Durão Barroso dizem que é uma maravilha, mas que eu não sei se é, porque uma série de outras pessoas me diz que esse Tratado deixa tudo na mesma.
O Pedro Passos Coelho quer fazer-me crer que é o melhor líder que o PSD pode ter neste momento, embora o Paulo Rangel queira que eu ache que é ele e o Aguiar-Branco queira que eu pense que ele é que é. E eu não faço ideia!E há, até, o Lacão, que me pede para eu escrever sobre o modo irresponsável como o PSD vota a diminuição das receitas por ser contra uns impostos (que, aliás, não existiam, mas cuja ausência
parece que faz falta), mas eu não sei se ele tem razão; e há o PSD,que entende que eu deveria denunciar a duplicidade do Governo que faz o contrário do que promete e quer mandar sozinho, apesar de não ter maioria absoluta, mas eu tenho dúvidas.
No meio de tudo isto, aparece o António Barreto a dizer que corremos o risco de nos tornarmos irrelevantes como país, o que leva uma série de gente a alertar-me que o Barreto, tal como o Medina Carreira e outros assim, são pessimistas estruturais que
puxam a moral do país para baixo, pelo que nem os devíamos escutar! Mas é justamente o Barreto e o Medina que eu melhor percebo e entendo. Porque o que eles dizem é simples: isto está tudo mal, e se ninguém quer saber o mal que isto está, ficaremos ainda pior.
Foi por isso que me sentei num canto a pensar no estado do país.
E quanto mais pensava, mais me deprimia. Sim, o país está mal, está a tornar-se irrelevante...E então, no meio da depressão total que apanhei, ó valha-me
Deus, percebi tudo. Como sempre, decifrei tudo. O país está em fim de festa! O Barreto sabe-o, o Medina sabe-o, mas o Pinto Monteiro também sabe e por isso é que não faz nada de jeito.
Tal como o Cavaco o sabe e por isso reserva 22 quartos; e o Sócrates, que só se agita e irrita; e o Vara que passou a ser do Esmoriz e recebe robalos; e o Noronha que se tornou mais seráfico. É por isso que ninguém quer saber! Nem dos impostos, nem do Tratado, nem do PSD, nem do Governo, nem do Vieira da Silva, nem da
espionagem, nem da Justiça!
Pronto, agora que estou deprimido tratem vocês da porcaria do país, que eu desisto. Passem bem!".
Texto publicado na edição do Expresso de 5 de Dezembro de 2009
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