terça-feira, 8 de julho de 2008





Jacek Yerka, surrealista. Mas não o surrealismo inspirado em Salvador Dalí, bastardia de que sofreram (e sofrem) muitos autores que se seguiram ao "mestre" catalão. As fontes onde Yerka foi beber são mais remotas, notando-se no grosso da sua obra um maior contributo pessoal na reinterpretação dessas influências do que se se tivesse limitado a dar uma mexidela num surrealismo requentado, qual roupa-velha confeccionada à base de restos de Dalí e Marx Ernst do jantar da véspera.

Concedido: nas pinturas deste artista polaco reconhece-se por vezes uma certa intertextualidade com renomados autores do século XX, particularmente com René Magritte (em algumas construções improváveis) e M. C. Escher (nas perspectivas autocontraditórias). Mas o contributos destes é pouco relevante quando comparado com o dos mestres flamengos dos séculos XIV-XVI, como Jan van Eyck, Hugo ver der Goes ou Peter Brueghel, o Velho. A arquitectura, as paisagens, a luz que Yerka passa para a tela poderiam evocar uma Flandres de antanho, mas não fossilizada, antes reinterpretada.

É autor de dois dos mais populares livros de arte da actualidade: Mind Fields (onde as suas pinturas são acompanhadas por contos breves de Harlan Ellison, renomado autor americano de literatura fantástica) e The Fantastic Art of Jacek Yerka. Em 1995 foi agraciado com o World Fantasy Award de melhor artista. Nasceu em 1952 no Norte da Polónia.

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