Li no Correio da Manhã (clicke no título paraler a noticia original)
"Há dias, em Paris, uma funcionária demitida por 'exceder-se em flatulência' no local de trabalho ganhou o recurso judicial – foi readmitida e embolsou a indemnização de 5 mil euros por 'danos morais'. O estopim (ops!) do caso é uma função fisiológica ao mesmo tempo normalíssima e perturbadora. Flatulência consiste na emissão de gases intestinais no processo digestivo. Pode ser comparada à expiração, excepto pelos eventuais odores e ruídos.
Já na última linha do ‘Inferno’, de Dante, vem: 'Ed elli avea del cul fatto trombetta' ('Ele usou o rabo como trombeta'). Um flato médio contém 58% de nitrogénio, 21% de hidrogénio, 9% de dióxido de carbono, 7% de metano e 4% de oxigénio – gases inodoros. Apenas 1% deste cocktail Molotov (o enxofre e a amónia) é insalubre. Participa da condição humana (até Angelina Jolie descuida-se). Em média, libertamos na atmosfera 1 litro de gases todos os dias – em vigília ou a fazer oó. O imperador romano Cláudio promulgou uma lei que autorizava o alívio em banquetes (justificação: reter os gases é nocivo). Já Edward de Vere, duque de Oxford (para muitos, a verdadeira identidade de Shakespeare), deixou escapar um traque no exacto momento em que prestava o juramento de lealdade à rainha Isabel I. Ficou tão constrangido (ou melhor: compungido...) que se auto-impôs um exílio de 7 anos.Aristófanes,Rabelais, Blake, Mark Twain, Balzac e Beckett (entre tantos) escreveram páginas memoráveis (pungentes?) sobre o tema. Um dos melhores contos do épico persa ‘As1001Noites’intitula-se ‘ComoAbuHassanDeuum Pum’. Um virtuoso do flato foi o francês Joseph Pujol (1857-1945), autodenominado ‘Le Pétomane’ (‘O Peidómano’). Capaz de um incrível controlo dos músculos abdominais e do esfíncter, exibia-se em pleno Moulin Rouge para plateias embasbacadas que incluíam o príncipe de Gales e Sigmund Freud. De expressão circunspecta, o artista passava uma hora a apagar velas e a fumar cigarros com a retaguarda. Através de um tubo de borracha inserido no rabiosque, tocava flauta e levava o público ao delírio com a execução do hino nacional, ‘A Marselhesa’. Conclusão? A parte inferior traseira do nosso corpo é vista como uma anatomiadesegundaclasse. Mas, como disse o outro, por mais alto que seja o trono, até o rei senta-se no seu rabo. Por outro lado, é significativo que ninguém se rale com o cheiro da sua própria flatulência… Claro que, como tudo na vida, cada caso é um caso. Nos elevadores (e nos submarinos), por exemplo, todo o cuidado é pouco."
terça-feira, 8 de julho de 2008
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