segunda-feira, 17 de novembro de 2008


MENDIGO MORTO

Foram encontrá-lo morto,
Hirto e rijo como um pau;
Toda aquela escura noite
O vento soprava mau,
Caíra neve, e o granizo
Fundia pelo chão liso.

Deitado sobre umas pedras ,
Foram encontrá-lo morto
Ao raiar da madrugada
Como os barcos naufragados
Quando partem as amarras…
Na terra, fundo, cravados,
Seus dedos lembravam garras!

Foi sob a mina do Enxidro:
Tinha os olhos muito abertos,
Tristes como os céus desertos…
E, dentre a barba cerrada,
Uma lágrima gelada
Como uma conta de vidro.

Fausto José, Obra do poeta Fausto José. Vol. I. – Armamar : Câmara Municipal, 1999.
(a minha homenagem ao pai do primo Bernardo)

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