domingo, 26 de junho de 2011

excertos da entrevista do Prof. Medina Carreira ao i: "Salazar foi um bom gestor. Era bom termos hoje um bom gestor
"O ex-ministro das Finanças considera que há o risco de Portugal e Grécia serem expulsos da União Europeia (...) eu não distingo esquerda de direita. Isso é uma divisão artificial, porque toda a gente quer o Estado social, toda a gente que está na Assembleia da República quer é dar benefícios e salários, mas não há distinção. Deixou de haver revolucionários, agora é tudo gente que está bem com o sistema capitalista. Aliás, a social-democracia esgotou-se porque é uma organização político-social que se baseia na criação de riqueza e o objectivo é redistribuir essa riqueza, mas Portugal só tem dívidas para distribuir.
Encontra neste novo governo capacidade para ultrapassar esta crise?
O principal traço que eu encontro como característica positiva deste governo é estar lá gente que não vive da política. É gente que não vai para lá fazer habilidades para sobreviver. São pessoas que já têm um estatuto social. Agora se isso significa alguma alteração não sei.
(...) O que está a dizer é que a esquerda portuguesa é irresponsável?
Esses partidos deixaram de ser revolucionários e são todos social-democratas. Os partidos querem todos Estado social e boa vida, mas não há nada disso para redistribuir. O que há para redistribuir são dívidas. Essa gente anda nas nuvens. O Bloco de Esquerda anda nas nuvens. Se eles fossem para o poder, ao fim de seis meses o país estava virado do avesso. É óptimo tributar os ricos, mas se tributar 10 mil ricos e os deixar na miséria cada um de nós fica só com mais cinco ou dez euros.
(...) Com a pressão exterior vamos conseguir, por exemplo, melhorar a justiça?
Eu há muito tempo que defendo a vinda do FMI, porque os partidos não querem tomar medidas impopulares. Era óbvio já há um ano e meio que era necessário recorrer ao FMI.
(...) A democracia, pelo que tem defendido, está a falhar. Há alternativa?
Nós temos de ter democracia, mas a democracia não pode ser o regime que leva o país à falência. Isso não é democracia e resulta sempre em pobreza. Sempre que tivemos democracia, o regime político levou o país à falência. Temos de ter uma democracia que saiba gerir o país e estas indicações são muito perigosas.
A democracia não tem sido compatível com contas equilibradas?
Não tem sido, porque há demasiada demagogia, há demasiado clientelismo e demasiado negocismo. A democracia tem de viver sem essas coisas.
(...) Tem muitos inimigos por causa das críticas que faz?
Não direi inimigos. Há muita gente que me olha de lado, mas é gente catalogável. É gente da classe média alta. Quanto mais sobem na hierarquia social, mais me detestam. Quanto mais se desce na hierarquia social, mais me aceitam. Ainda esta semana estive no Jardim da Estrela a passear e foram muitas as pessoas que me vieram falar, mas é a classe média baixa. (valeu)

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