sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quem ora soubesse
onde o amor nasce,
que o semeasse.

D'Amor e seus danos
me fiz lavrador:
semeava amor
e colhia enganos.
Não vi em meus anos,
homem que apanhasse
o que semeasse.

Vi terra florida
de lindos abrolhos:
lindos para os olhos,
duros para a vida.
mas a rês perdida
que tal erva pace
em forte (má) hora nasce.

Com quanto perdi,
trabalhava em vão;
se semeei grão,
grande dor colhi.
Amor nunca vi
que muito durasse,
que não magoasse.


Luís de Camões - Rimas

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