terça-feira, 27 de julho de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
pôr-do-sol na ilha de Luanda - foto flipvinagre
na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. então sabemos tudo do que foi e será. o mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. com doçura. aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. cada um de nós é por enquanto a vida.
isso nos baste.
josé saramago
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
Cavaco Silva esteve hoje entre a comunidade portuguesa em Angola.
Foi no CHE - Centro Hoteleiro da Endiama, no Miramar, Luanda, e dirigiu palavras de incentivo para o futuro, tendo também louvado a iniciativa dos muitos portugueses que vão contribuindo para o desenvolvimento deste país, uma terra de oportunidades (como sempre foi), um país que cresce e onde o futuro promete um pouco mais...
o PR português incentivou ainda os portugueses a desenvolverem o interior de Angola (destruído pela guerra), onde ainda há muito a fazer, quer na agricultura quer na indústria, mas também no ensino, na saúde...
Esta campanha de Cavaco Silva tem merecido a maior atenção dos angolanos e também dos portugueses, tendo, com a sua influência, conseguido resultados positivos para o empresariado luso, as ver-se-ão reembolsadas dos seus créditos, podendo continuar a desenvolver a sua actividade com maior desenvoltura...Seguem-se visitas à Huíla e Benguela. Positiva esta visita, fico duplamente satisfeito, como português (pois revejo-me neste presidente) e como angolano (a terra onde nasci pode crescer e beneficiar da experiência lusitana).
(as fotografias são minhas)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
fortaleza de São Miguel - Luanda - foto flipvinagre
Luanda
Gosto dela à noite
a horas esquecidas
gosto dela quando mais
ninguém anda cá fora
e a sinto toda minha…
o seu corpo grande e negro
é quente e generoso,
e os ruídos no escuro
cães ladrando, carros longe
galos, meninos chorando…
fazem uma sinfonia
morna, calma e tropical
como se fosso o respirar
de alguém que descansa.
é por isso
que eu gosto de Luanda
a horas esquecidas…
olho o seu corpo, grande,
o seu corpo negro e generoso
e sinto uma ternura especial
como se fosse o corpo conhecido
duma amante saciada e adormecida
que se olha com amor e com cansaço
e depois se recorda com saudade.
Neves e Sousa
A CPLP encerra em si a transcendência do povo lusitano e a vocação atlântica que lhe está na alma, é aí que se vê consagrada a sua vertente universalista (mas não só...). É ainda um espaço romântico, cheio de boas intenções, um longo caminho há a percorrer. A consolidação deste espaço lusófono vai levar ainda algum tempo, mas para lá se caminha. Luanda acolhe agora a VIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em 23 de Julho de 2010.
Saiba mais sobre a CPLP, aqui e aqui.
E amanhã, no CHE (Centro Hoteleiro da Endiama) lá estarei para particiapr na confraternização. Vale a pena. A alma não é pequena.
domingo, 18 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
"A Aurora"
(Tela do angolano Fernando Caterça Valentim)
e se os teus olhos não tivessem tanto
e se os teus olhos não tivessem tanto
e se os teus olhos não tivessem tanto
murmúrio de sorrir e de cantar
onde andaria a b
orb
oleta livre
que vive no encanto
de nos ver voar
e se os teus braços não fossem de crista
da onda onde sabemos naufragar
como seria o nosso mar sem fundo
e o céu sem fim
de nos sabermos dar.
Manuel Rui
continuando a descobrir poesias ...
terça-feira, 13 de julho de 2010
ilha do Mussulo - Luanda
Para pôr paz...
libélulas avoam danças
aranhas cospem tranças;
morcegos ralham noites
ursos linguam potes;
rapozas agalinham-se
ondas engolfinham-se;
carochinha avoa voa
preguiça dorme à toa;
toupeiras entunam-se
grilos estrelam-se;
noites adescaem
estrelas agrilam-se
eu libelizo-me-
aranhas cospem tranças;
morcegos ralham noites
ursos linguam potes;
rapozas agalinham-se
ondas engolfinham-se;
carochinha avoa voa
preguiça dorme à toa;
toupeiras entunam-se
grilos estrelam-se;
noites adescaem
estrelas agrilam-se
eu libelizo-me-
Ondjaki
segunda-feira, 12 de julho de 2010
pintura de Modesto (pintor angolano) - mulheres nos caminhos dos imbondeiros
Viagem
O beijo da quilha
na boca da água
me vai trocando entre céu e mar,
o azul de outro azul,
enquanto
na funda transparência
sinto a vertigem
da minha própria origem
e nem sequer sei
que olhos são os meus
e em que água
se naufraga a minha alma
Se chorasse, agora,
o mar inteiro
me entraria pelos olhos
Mia Couto
- gosto imenso desta diversidade e desta multiplicação de sentires...no fundo, no fundo, são expressões da nossa grande alma lusa.
"Mulheres com farinha de trigo"
(Uma tela a óleo, de Lívio de Morais, representando quitandeira)
Angolano
Ser angolano é meu fado e meu castigo
Branco eu sou e pois já não consigo
Mudar jamais de cor e condição
Mas, será que tem cor o coração?
Ser africano não é questão de cor
É sentimento, vocação, talvez amor.
Não é questão, nem mesmo de bandeiras,
De língua, de costumes ou maneiras…
A questão é de dentro, é sentimento
E nas parecenças doutras terras,
Longe das disputas e das guerras
Encontro na distância esquecimento.
Neves e Sousa - 1979
domingo, 11 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
" Patrícia Flávia aconselhava-me a passear na floresta, a respirar o ar puro da Natureza - e foi numa dessas deambulações campestres por entre pinheirais, ouvindo o estalar da neve sob o peso de umas botas de pêlo de urso, extremamente aconchegadas e preparadas contra o frio da europa, que me acometeu uma estranhíssima obsessão: porque não enfiar também na cabeça uma daquelas botas de invernia, protegendo-me as ideias e os sentimentos contra o gelo insuportável da indiferença alheia?
Já descalçara a bota e, penosamente, me esforçava por adaptá-la ao diâmetro muito mais largo do crânio, quando reagi contra a atitude inaceitável e demencial, persuadido de que algo andava errado na minha vida, de que muito estava por definir na escolha de uma conduta adequada às exigências galopantes do meu próprio poder. Lancei-me em corrida na escalada de um outeiro e gritei, desafiando os deuses da adversidade:
- Quem sou eu, afinal?! Um chefe, um leader... ou um galo de Barcelos?
Lamentavelmente, o eco respondeu-me:
- ... galo de Barcelos...Barcelos...Barcelos..."
"Coca-Cola Killer" - António Victorino de Almeida
já leram? Recomendo...divertido, diria mesmo surpreendente, e dispõe muito bem
segunda-feira, 5 de julho de 2010
O homem caminhou pela principal rua da sua cidade, viu mendigos, aleijados, miseráveis. Como não conseguia mais conviver com tanta miséria, clamou aos céus: “Deus, como podes amar tanto o ser humano e, ao mesmo tempo, não fazer nada por quem está a sofrer?”
“Eu fiz alguma coisa por eles” - escutou uma voz - “Eu criei-te.”
“Eu fiz alguma coisa por eles” - escutou uma voz - “Eu criei-te.”
Gregory Corrigan
vou fazendo a minha parte...
só para terem uma ideia:
A razão apresentada pela ECA Internacional para esta descida é a desvalorização do kwanza (moeda angolana) face às principais moedas estrangeiras, embora, na realidade, os preços em Luanda tenham aumentado ao longo de 2009. Na edição de 2010 do estudo «As cidades mais caras do mundo», a empresa adianta que para além dos produtos de consumo diário, a EuroCost International constatou uma subida do preço do alojamento para o quadro estrangeiro.
Em 2009 um quadro estrangeiro pagava no mínimo 3 500 dólares por mês para arrendar um apartamento de dois quartos em Luanda, um almoço custava 47 dólares, uma lata de cerveja no supermercado 1,62 dólares, um quilo de arroz 4,73 dólares, uma dúzia de ovos 4,75 dólares e um bilhete de cinema 13 dólares. (...)
"Luanda deixou de ser a primeira cidade mais cara do mundo, tendo caído para o terceiro lugar, de acordo com a ECA Internacional.
A razão apresentada pela ECA Internacional para esta descida é a desvalorização do kwanza (moeda angolana) face às principais moedas estrangeiras, embora, na realidade, os preços em Luanda tenham aumentado ao longo de 2009. Na edição de 2010 do estudo «As cidades mais caras do mundo», a empresa adianta que para além dos produtos de consumo diário, a EuroCost International constatou uma subida do preço do alojamento para o quadro estrangeiro.
Em 2009 um quadro estrangeiro pagava no mínimo 3 500 dólares por mês para arrendar um apartamento de dois quartos em Luanda, um almoço custava 47 dólares, uma lata de cerveja no supermercado 1,62 dólares, um quilo de arroz 4,73 dólares, uma dúzia de ovos 4,75 dólares e um bilhete de cinema 13 dólares. (...)
Por outro lado, um estudo da consultora Mercer, intitulado «Cost of Living Survey», coloca no entanto a capital angolana no primeiro lugar das cidades mais caras, destronando Tóquio. O estudo mede o custo comparativo de mais de 200 produtos representativos dos padrões de consumo dos executivos expatriados. (leia mais no Luanda Digital).
Realmente o custo de vida nesta banda é muito alto, chega a ser um disparate, e isto contrasta em larga medida com os padrões de vida locais, incomportáveis para a esmagadora maioria dos luandenses, gerando um fosso enorme entre classes sociais, pode dizer-se que ou se tem ou não se tem, a classe média por aqui é uma franja estreita, daí o recurso a esquemas para viver e ganhar o dia-a-dia, a institucionalização da gasosa (gorjeta) torna-se quase uma taxa obrigatória, o recurso faz parte, parece instinto... haja saúde...!
domingo, 4 de julho de 2010
"O que eu gostava era de poder encher os livros de silêncio (e tender cada vez mais para o silêncio). E que as palavras estivessem carregadas de silêncio de maneira a que o leitor as pudesse encher como entendesse. E as pudesse vestir e pintar e mudar e fazer como entendesse. Como se o livro fosse um jogo que permitisse uma infinidade de mutações de maneira a pessoa poder senti-lo e vivê-lo como seu. Porque é o leitor que é importante, não é o escritor."
António Lobo Antunes
(em entrevista)
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