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pôr-do-sol na ilha de Luanda - foto flipvinagre
na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. então sabemos tudo do que foi e será. o mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. com doçura. aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. cada um de nós é por enquanto a vida.
isso nos baste.
josé saramago
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