quarta-feira, 11 de junho de 2008

Estou perplexo com toda esta situação da greve dos camionistas e da situação gerada pelos aumentos dos combustíveis. E a minha perplexidade tem dois rostos, o dos camionistas e o do Estado.
Claro que ninguém gostou do aumento do preço dos combustíveis, claro que sai do bolso de cada um, mas daí até pôr em causa o Estado, arvorar-se em único detentor da razão e pretender satisfeitas as suas reivindicações, vai um passo enorme.
Os camionistas, arrogantes, lançaram mão do quero posso e mando. A “greve” por si realizada, foi uma greve ilegal, demonstrando pelo seu comportamento uma total falta de responsabilidade cívica e social. Logo aí, se alguma razão lhes assistia, caíu por terra a aparente justeza da sua luta, pondo em causa, pelo seu comportamento, qualquer simpatia e/ou solidariedade de terceiros. Lançando mão de mecanismos não contemplados na lei, sim, a lei, não vivemos num país que tem leis, onde o imperativo legal vigora e onde a mesma lei constitui referência de comportamentos sociais? E não há uma lei que rege o direito è greve? Então porque não respeitaram a lei? Que grupo de cidadãos é este que faz tábua rasa das disposições legais do país e num clima de reivindicação provoca o caos e boicota a livre circulação no país e assim boicota os direitos dos outros cidadãos? Ou será que era a “sua” lei que eles queriam impôr ao Estado e aos demais cidadãos? Assim parece...
E o Estado? É preciso chegar à beira do precipício para se levantar e fazer alguma coisa? Há necessidade de protelar uma situação desagradável para todos os cidadãos sem acautelar previamente o que era razoável ponderar, nada fazer ou esperar para ver o que acontece? As forças de autoridade servem para quê? A GNR, por delegação dos poderes do Estado, não tem o monopólio da autoridade das estradas do país e as demais polícias o controlo e vigilância da ordem pública? Não cabe ao Governo administrar a ordem e zelar pela segurança e bem estar dos portugueses? E, afinal, se amanhã outro grupo profissional se lembrar de confrontar também o Estado com outra situação do género? O Governo faz outro acordo com essa classe reivindicadora? Anda ao sabor da corrente? Assim parece...
Tudo visto e ponderado, cabe decidir que há gentes e classes sociais que ainda não estão preparadas para viver numa verdadeira democracia e há Estados que não usam dos seus legítimos poderes de autoridade, zelando pelo rigoroso cumprimento da lei (dura lex sed lex), recorrendo, em vez disso, a um poder negocial por via do qual assegura a realização dos seus interesses meramente economicistas (e aqui lembro o filósofo político norte-americano John Rawls (1921-2002), de cujos ensinamentos se extraía que na política contemporânea, a idéia de contrato social (primeiramente abordada por Jean Jacques Rousseau) é por vezes utilizada para descrever os arranjos corporativistas pelos quais os grandes grupos de interesse dentro da sociedade aceitam colaborar com o governo).
E não me sai o totoloto para basar deste país...que azar!!!!

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