sábado, 30 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Hoje conheci um cidadão que faz oposição num partido da oposição. E num partido que nem a longo prazo, eventualmente, poderá vislumbrar alguma hipótese de conquistar o poder. A sua influência social e política, portanto, é muito ténue. A questão que me coloco a mim próprio é se este cidadão, agora meu conhecido, terá algum futuro na política. Ou é mera participação cívica? Ou abstenho-me de pensar nisto e pura e simplesmente reconheço que cada um faz aquilo que lhe dá gozo fazer? Mas, neste caso, qual o gozo? Assumir-se como alternativa no ‘seu’ partido? Concordo que as intenções de voto podem mudar da noite para o dia, enfim, uma atitude radical pode acontecer, os cidadãos votantes podem fartar-se dos mesmíssimos partidos que habitualmente recolhem as migalhas do poder! Neste caso, é quase como sair-nos o prémio da lotaria sem estarmos à espera. Pode ser isso que o move...
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Todos os dias, ao fim da tarde, sentava-se na varanda e lia. Embrenhava-se tanto na sua leitura que não reparava em mais nada à sua volta, sentia as emoções dos livros como se vivesse aqueles mesmos acontecimentos, chorava ou ria consoante o ritmo que o autor emprestava à obra, contestava mesmo alguns episódios, o autor já sabia da sua existência, tantas eram as cartas que recebia desta leitora atenta e exigente. Um dia, ela saltou para o veleiro que o autor colocara no terceiro parágrafo da página 234, até hoje ela continua em viagem...
Bato à porta de nada ensurdecido e bronco,
forrado a lama seca ou sarro destes anos
que mais que tudo me vestiram de tonto,
dos que limpam os carros com a baba que lhes cai
sobre a cinza do fato; bato à porta de nada
sem dizer ui nem ai mas apenas grunhindo
de olho embaciado sem o cristal da lágrima,
bato à porta com braços, pernas, boca e dentes,
mas sem saber no fundo, mas sem saber de caras
se deveras lhe bato quando lhe bato assim,
no nada dessa porta, ou ela bate em mim.
Pedro Tamen (Guião de Caronte, 1997)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Li "Budapeste", de Chico Buarque, com agrado, aqui deixo uma passagem sugestiva:
"Para algum emigrante, o sotaque pode ser uma desforra, um modo de maltratar a língua que o constrange. Da língua que não estima, ele mastigará as palavras bastantes ao seu ofício e ao dia-a-dia, sempre as mesmas palavras, nem uma a mais. E mesmo essas, haverá de esquecer no fim da vida, para voltar ao vocabulário da infância. Assim como se esquece o nome das pessoas próximas, quando a memória começa a perder água, como uma piscina se esvazia aos poucos, como se esquece o dia de ontem e se retêm as lembranças mais profundas. Ms para quem adotou uma nova língua, como a uma mãe que se selecionasse, para quem procurou e amou todas as suas palavras, a persistência de um sotaque era um castigo injusto."
Sobre este livro, deixou o nosso grande José Saramago, no DN, a seguinte crónica:
" Haverá universos paralelos? Perante as variadas "provas" apresentadas ao tribunal da opinião pública pelos autores que se dedicam à ficção científica, não é difícil acreditar que sim, ou, pelo menos, estar de acordo em conceder à temerária hipótese aquilo que não se nega a ninguém, isto é, o benefício da dúvida. Ora, supondo que realmente existam esses tais universos paralelos, será lógico e creio que inevitável ter de admitir igualmente a existência de literaturas paralelas, de escritores paralelos, de livros paralelos. Um espírito sarcástico não deixaria de recordar-nos que não se necessita ir tão longe para encontrar escritores paralelos, mais conhecidos por plagiários, os quais, no entanto, nunca chegam a ser plagiários de todo porque alguma coisa da lavra própria se sentem na obrigação de pôr na obra que assinarão com o seu nome. Plagiário absoluto foi aquele Pierre Menard que, no dizer de Borges, copiou o Quixote palavra por palavra, e mesmo assim o mesmo Borges nos advertiu que escrever o termo justiça no século XX não significa a mesma coisa (nem é a mesma justiça) que tê-la escrito no século XVII… Outro tipo de escritor paralelo (também chamado nègre ou, mais modernamente, ghost) é aquele que escreve para que outros gozem a suposta ou autêntica glória de ver o seu nome escrito na capa de um livro. Disto trata, aparentemente, o romance - Budapeste - de Chico Buarque de Holanda, e se digo "aparentemente" é porque o escritor "fantasma" cujas grotescas aventuras vamos acompanhando divertidos, se bem que ao mesmo tempo apiedados, é tão-somente a causa inconsciente de um processo de repetições sucessivas que, se não chegam a ser de universos nem de literaturas, sem dúvida o serão, inquietantemente, de autores e de livros. O mais desassosegador, porém, é a sensação de vertigem contínua que se apoderará do leitor, que em cada momento saberá onde estava, mas que em cada momento não sabe onde está. Sem parecer pretendê-lo, cada página do romance expressa uma interpelação "filosófica" e uma provocação "ontológica": que é, afinal, a realidade? O que e quem sou eu, afinal, nisso que me ensinaram a chamar realidade? Um livro existe, deixará de existir, existirá outra vez. Uma pessoa escreveu, outra assinou, se o livro desapareceu, também desapareceram ambas? E se desapareceram, desapareceram de todo, ou em parte? Se alguém sobreviveu, sobreviveu neste, ou noutro universo? Quem serei eu, se tendo sobrevivido, não sou já quem era? Chico Buarque ousou muito, escreveu cruzando um abismo sobre um arame, e chegou ao outro lado. Ao lado onde se encontram os trabalhos executados com mestria, a da linguagem, a da construção narrativa, a do simples fazer. Não creio enganar-me dizendo que algo novo aconteceu no Brasil com este livro."
Nem quero acreditar, então não é que o comuna rosa candidato dos xuxas às europeias até propõe criação de novos impostos? Em tempo de eleições? O senhor deve andar delirante, deve ser do sol na moleirinha, ora leiam no DN:
" ELEIÇÕES EUROPEIAS
Vital Moreira defende novo imposto
por João Céu e SilvaOntem
O candidato do PS às Europeias defendeu a criação de "um novo imposto europeu sobre transacções financeiras" para gerar recursos financeiros para ajudar os cidadãos num "momento de recessão" como o que se está a viver na actual crise.
Em Chaves, no Centro de Formação Profissional, Vital Moreira considera ainda que pode também ser criado esses recursos através de "uma pequena fatia de cada orçamento nacional". O candidato garante que esta será uma proposta que apresentará no Parlamento Europeu mal assuma o lugar, não especificando exactamente o modo como proporá este novo imposto.".
Hoje, porém, já todo o mundo rosa anda a desdramatizar, isto é uma paródia!!! Vidé também no DN:
" O imposto cobrado a Vital Moreira
Hoje
As declarações de ontem do cabeça de lista do PS às europeias sobre a criação de um novo imposto não o largam. Vital Moreira não quer falar sobre o assunto, os assessores evitam que essa questão seja levantada e os dirigentes socialistas que o acompanham, Almeida Santos, Edite Estrela, Capoulas Santos e Correia de Campos, desmultiplicam-se em interpretações e desdramatizações da proposta de Vital Moreira."
Zé, eh pá tu tem atenção em quem votas!!!
" ELEIÇÕES EUROPEIAS
Vital Moreira defende novo imposto
por João Céu e SilvaOntem
O candidato do PS às Europeias defendeu a criação de "um novo imposto europeu sobre transacções financeiras" para gerar recursos financeiros para ajudar os cidadãos num "momento de recessão" como o que se está a viver na actual crise.
Em Chaves, no Centro de Formação Profissional, Vital Moreira considera ainda que pode também ser criado esses recursos através de "uma pequena fatia de cada orçamento nacional". O candidato garante que esta será uma proposta que apresentará no Parlamento Europeu mal assuma o lugar, não especificando exactamente o modo como proporá este novo imposto.".
Hoje, porém, já todo o mundo rosa anda a desdramatizar, isto é uma paródia!!! Vidé também no DN:
" O imposto cobrado a Vital Moreira
Hoje
As declarações de ontem do cabeça de lista do PS às europeias sobre a criação de um novo imposto não o largam. Vital Moreira não quer falar sobre o assunto, os assessores evitam que essa questão seja levantada e os dirigentes socialistas que o acompanham, Almeida Santos, Edite Estrela, Capoulas Santos e Correia de Campos, desmultiplicam-se em interpretações e desdramatizações da proposta de Vital Moreira."
Zé, eh pá tu tem atenção em quem votas!!!
terça-feira, 26 de maio de 2009
As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpas. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes.
Algumas palavras sugam-nos, não nos largam... As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.
E há os discursos, que são palavras encostadas umas às outras, em equilíbrio instável graças a uma precária sintaxe, até ao prego final do disse ou tenho dito. Com discursos se comemora, se inaugura, se abrem e fecham sessões, se lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas de veludo. São brindes, orações, palestras e conferências. Pelos discursos se transmitem louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E depois as palavras dos discursos aparecem deitadas em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por essa via entram na imortalidade do verbo. E as palavras escorrem tão fluidas como o "precioso líquido". Escorrem interminavelmente, alagam o chão, sobem aos joelhos, chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço. É o dilúvio universal, um coro desafinado que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos, aos uivos, envoltos também num murmúrio manso, represo e conciliador...
E tudo isso atordoa as estrelas e perturba as comunicações, como as tempestades solares. Porque as palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que se não ouça outra palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é a erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar as palavras para que a sementeira se mude em Seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do ato.
Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão.
José Saramago - livro de crónicas Deste Mundo e do Outro
No DN, "Branco e, sim, africano
por Ferreira Fernandes
Paulo Serôdio, de 45 anos, nasceu em Moçambique, numa família portuguesa de três gerações em África. Foi para os Estados Unidos, em 1984, naturalizou-se americano, casou, teve filhos e, já quarentão, decidiu tirar Medicina. Queria trabalhar nos Médicos Sem Fronteiras, no continente onde nasceu. Na Faculdade de Medicina de Nova Jérsei, em Newark, numa aula em que era pedido aos alunos que se definissem culturalmente, Serôdio respondeu: "Afro-americano branco." Uma colega negra insurgiu-se: aquilo era um insulto! E o professor ordenou-lhe que nunca mais se definisse assim. Paulo Serôdio insistiu e foi suspenso da escola - há um processo judicial que corre sobre o assunto (li a história no site da cadeia televisiva americana ABC, alertado por um post, ontem, no blogue Blasfémias). É uma história de ignorância. Do triângulo "africano, americano e branco" é claro que o que incomoda é a junção de africano com branco. Se Paulo Serôdio quiser, serei sua testemunha. E levo uma longa lista de brancos que deram a vida, o trabalho e o amor pela sua pátria africana."
A ignorância destes americanos é atroz, e o mesmo se aplica à rotulagem que usam para definir isto ou aquilo, em suma, como diria um amigo meu, uns pedaços de asno. Ah, e também posso ser testemunha Serôdio, conta comigo para esclarecer melhor o assunto.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Uma vez subi a serra de sintra até ao castelo dos mouros,
e tirei um retrato nas muralhas para que alguma coisa ficasse
desse dia, embora os mouros não estivessem lá. O que ficou,
por fim, fomos todos nós, olhando a objectiva que
alguém segurou, sabendo que não ia estar no retrato. Há
sempre voluntários para não entrarem na história: alguém
que sabe que é noutro lugar a memória, e que pouco importa
o facto de não ficar entre gente que se há-de perder com
o tempo, com a vida, com as distracções do mundo. Eu,
no entanto, o que lembro quando olho o retrato onde estou,
no castelo dos mouros da serra de sintra, são as tuas mãos
que seguram a máquina, e o teu dedo que carrega no botão
para tirar a fotografia. Talvez me tenha parecido mais simples
a subida até ao castelo por ter ido contigo, puxando-te
pela mão, enquanto o sol da tarde lembrava que há um
tempo próprio para subir ao castelo, pensando na descida;
e se não falámos de amor foi porque as subidas pelos
caminhos de terra obrigam a outras conversas, sobretudo
quando os ramos nos arranham os braços, e um silêncio
branco desce do céu com o meio-dia. "Que queres de mim?",
poderias ter-me perguntado. O amor, quando a tarde
ainda não começou a cair, confunde-se com o canto das
aves que só ali estão porque é campo, e não faltavam árvores
para os ninhos dessa primavera. Eu dizia-te: quero que venhas
comigo, até ao castelo, e segures a máquina para que todos
possam ficar na fotografia. "E eu?", dizes-me. Mas tu
já não fazias parte dessa história; e talvez tenhamos descido
sem a dificuldade que me fez segurar-te na mão, e puxar-te
para o castelo - agora que o retrato ficou tirado, sem ti,
embora depois disso, sempre que o olho, tu sejas a única
pessoa que eu vejo, através dos teus olhos que espreitam
pela objectiva, esperando que ninguém se mexa, para
tirar esse retrato onde nunca mais hás-de ficar.
Nuno Júdice in O Estado dos Campos
Ando a lavrar um poema, daqueles belos, daqueles que deixam todo o mundo boquiaberto, sobre a crise económica e seu reflexo na migração das aves canoras que atravessam o atlântico e um dia, quando a massa monetária em circulação aumentar, procederei então à sua alienação patrimonial, por boa maquia, está bem de ver, sem inflacionar esta ou aquela estrofe, evidentemente, apenas terei em conta uma ligeira actualização. E não, não se candidatem a nada, só aceitarei ofertas em data a anunciar, obrigado.
Ela escondia-se atrás de uma personalidade forte e vincada, acentuava um carácter austero e rude à sua escrita. Não possuía grande número de leitores. A conselho de uma amiga, ela mudou radicalmente e passou a tratar as palavras com mais carinho, os seus contos passaram a ser meigos, a ternura tornou-se a sua característica principal. Ganhou leitores, como é evidente, lê-la era agora sinónimo de respostas para as incompreensões da vida, um abrigo para quem tudo questiona. Mas era uma farsa, a sua verdadeira natureza continuava implacável, e ela ria com tudo isto, ironizava todos que a procuravam, gabava-se da sua dupla personalidade. Dizem que anda a ‘trabalhar’ numa terceira figura, que encarnará no teatro, às terças-feiras, onde não usará qualquer máscara. Como se fosse preciso!!!
No DN:
"Médicos estão contra o testamento vital
por
Céu Neves
Pode uma pessoa fazer um testamento a pedir para não ser reanimada se tiver uma doença terminal e sofrer uma paragem cardíaca? Ou para não ser alimentada artificialmente se estiver em estado vegetativo irreversível? Em Portugal não, ao contrário do que acontece em outros países, nomeadamente em Espanha. Pode deixar as indicações aos familiares ou amigos, mas isso não tem valor legal e a decisão será sempre do médico. É para alterar a situação que a Associação Portuguesa de Bioética (APB) entregou um projecto de diploma aos deputados e vai lutar para que o mesmo seja aprovado já este ano. Têm o voto contra dos médicos.
O assunto é complexo, mas imagine-se um doente com um cancro em fase terminal. Tem uma paragem cardíaca, fica inconsciente e o médico liga-o ao ventilador. Adia-se o momento da morte, mas não se melhora a qualidade de vida. Fará sentido?
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, a pergunta não se coloca. Porque, justifica, "os médicos têm o bom senso de avaliar a situação e de não ultrapassar o que é normal", o que quer dizer, "não causar sofrimento ilimitado ao doente". E conclui que votará contra qualquer documento que tenha "carácter impositivo do ponto de vista jurídico".
O facto de alguém deixar instruções (ver P&R) muito tempo antes de estar perante uma doença é o principal entrave de Pedro Nunes à regulamentação sobre esta matéria.
Mas, contrapõe Rui Nunes, presidente da APB, a legislação visa precisamente evitar ambiguidades no tratamento destes casos. Acredita contar com a adesão dos deputados e promete que, depois do referendo sobre o aborto, a associação irá pressionar o Parlamento para discutir a lei.
A questão nada tem a ver com a eutanásia, argumentam os defensores da regulamentação. Não se trata de acabar com a vida de alguém a pedido, mas de a pessoa poder decidir "de forma responsável e livre" sobre os cuidados médicos que deseja receber num problema clínico em que não goze de capacidade, física ou intelectual, para o fazer. E, se pode decidir antecipadamente não doar os órgãos a outro doente, por que razão não pode prevenir uma situação limite no caso de estar doente?
Vontade do doente
A proposta de regulamentação parte de um princípio fundamental: "a autonomia do doente em matéria de cuidados de saúde, considerando ilegal qualquer intervenção médica sem o seu consentimento, mesmo que daí possa decorrer a sua morte", diz Rui Nunes. E sublinha que Portugal ratificou a Convenção sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina, o que implica "o dever de respeito pela vontade anteriormente manifestada pelo doente" e que a situação está prevista no Código Penal (artigo 156.º). Ou seja, a proposta "vai no sentido de regulamentar algo que já consta da lei do nosso país".
As justificações são aceites por Isabel Neto, presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, que concorda com a existência de regulamentação. Entende, no entanto, que o assunto deve ser amadurecido e objecto de uma ampla discussão. Porque a vontade do doente, pegando no mesmo exemplo de alguém com um cancro em fase terminal, pode ser "façam-me a reanimação". E argumenta: "As pessoas são alvo de medidas agressivas para as manter vivas a todo custo. Isso não é ético, não é isso que a medicina diz."
Isabel Neto presta cuidados paliativos há 13 anos, normalmente a pessoas em fase terminal, e defende que a questão dos testamentos vitais tem de ser discutida no âmbito da comunicação com os doentes. "Os médicos têm problemas de comunicação, porque as coisas estão muito centradas no modelo paternalista. O médico é que sabe o que é melhor para o doente. É preciso abandonar essa visão e centrarmo-nos na relação de partilha entre o médico e o doente."
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) concorda com a legislação e este é um assunto que irá debater durante o ano. "É uma matéria muito complexa e que entronca nas questões do consentimento informado, na necessidade que o médico tem de averiguar qual seria a vontade do doente naquele momento em que não se pode manifestar. É necessário encontrar formas que estabeleçam a melhor maneira de averiguar a vontade do doente", argumenta Paula Martinho, presidente da CNECV."
Eis matéria controversa que coloca frente a frente direito e ética, o ser e o dever ser, vai ser interessante de acompanhar, oxalá a coerência impere e o bem-estar dos doentes vingue, seja ele qual for. Aguardemos.
"Médicos estão contra o testamento vital
por
Céu Neves
Pode uma pessoa fazer um testamento a pedir para não ser reanimada se tiver uma doença terminal e sofrer uma paragem cardíaca? Ou para não ser alimentada artificialmente se estiver em estado vegetativo irreversível? Em Portugal não, ao contrário do que acontece em outros países, nomeadamente em Espanha. Pode deixar as indicações aos familiares ou amigos, mas isso não tem valor legal e a decisão será sempre do médico. É para alterar a situação que a Associação Portuguesa de Bioética (APB) entregou um projecto de diploma aos deputados e vai lutar para que o mesmo seja aprovado já este ano. Têm o voto contra dos médicos.
O assunto é complexo, mas imagine-se um doente com um cancro em fase terminal. Tem uma paragem cardíaca, fica inconsciente e o médico liga-o ao ventilador. Adia-se o momento da morte, mas não se melhora a qualidade de vida. Fará sentido?
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, a pergunta não se coloca. Porque, justifica, "os médicos têm o bom senso de avaliar a situação e de não ultrapassar o que é normal", o que quer dizer, "não causar sofrimento ilimitado ao doente". E conclui que votará contra qualquer documento que tenha "carácter impositivo do ponto de vista jurídico".
O facto de alguém deixar instruções (ver P&R) muito tempo antes de estar perante uma doença é o principal entrave de Pedro Nunes à regulamentação sobre esta matéria.
Mas, contrapõe Rui Nunes, presidente da APB, a legislação visa precisamente evitar ambiguidades no tratamento destes casos. Acredita contar com a adesão dos deputados e promete que, depois do referendo sobre o aborto, a associação irá pressionar o Parlamento para discutir a lei.
A questão nada tem a ver com a eutanásia, argumentam os defensores da regulamentação. Não se trata de acabar com a vida de alguém a pedido, mas de a pessoa poder decidir "de forma responsável e livre" sobre os cuidados médicos que deseja receber num problema clínico em que não goze de capacidade, física ou intelectual, para o fazer. E, se pode decidir antecipadamente não doar os órgãos a outro doente, por que razão não pode prevenir uma situação limite no caso de estar doente?
Vontade do doente
A proposta de regulamentação parte de um princípio fundamental: "a autonomia do doente em matéria de cuidados de saúde, considerando ilegal qualquer intervenção médica sem o seu consentimento, mesmo que daí possa decorrer a sua morte", diz Rui Nunes. E sublinha que Portugal ratificou a Convenção sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina, o que implica "o dever de respeito pela vontade anteriormente manifestada pelo doente" e que a situação está prevista no Código Penal (artigo 156.º). Ou seja, a proposta "vai no sentido de regulamentar algo que já consta da lei do nosso país".
As justificações são aceites por Isabel Neto, presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, que concorda com a existência de regulamentação. Entende, no entanto, que o assunto deve ser amadurecido e objecto de uma ampla discussão. Porque a vontade do doente, pegando no mesmo exemplo de alguém com um cancro em fase terminal, pode ser "façam-me a reanimação". E argumenta: "As pessoas são alvo de medidas agressivas para as manter vivas a todo custo. Isso não é ético, não é isso que a medicina diz."
Isabel Neto presta cuidados paliativos há 13 anos, normalmente a pessoas em fase terminal, e defende que a questão dos testamentos vitais tem de ser discutida no âmbito da comunicação com os doentes. "Os médicos têm problemas de comunicação, porque as coisas estão muito centradas no modelo paternalista. O médico é que sabe o que é melhor para o doente. É preciso abandonar essa visão e centrarmo-nos na relação de partilha entre o médico e o doente."
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) concorda com a legislação e este é um assunto que irá debater durante o ano. "É uma matéria muito complexa e que entronca nas questões do consentimento informado, na necessidade que o médico tem de averiguar qual seria a vontade do doente naquele momento em que não se pode manifestar. É necessário encontrar formas que estabeleçam a melhor maneira de averiguar a vontade do doente", argumenta Paula Martinho, presidente da CNECV."
Eis matéria controversa que coloca frente a frente direito e ética, o ser e o dever ser, vai ser interessante de acompanhar, oxalá a coerência impere e o bem-estar dos doentes vingue, seja ele qual for. Aguardemos.
O que é nacional é bom:
Prémio no festival de cinema mais importante do mundo
João Salaviza vence grande prémio de Cannes para Curtas-Metragens
A sua curta-metragem venceu o Grande Prémio da competição de curtas-metragens, lançando para o centro das atenções a obra deste jovem realizador de 25 anos, ainda estudante de cinema no Conservatório. (...) É uma história centrada num jovem em prisão domiciliária. Mas o realizador recusava a ideia de querer, com “Arena”, transmitir qualquer mensagem ao mundo, como o tinha apresentado a sua produtora, Maria João Mayer. “Nunca diria de mim isso de querer ‘falar ao mundo’, mas sim, reconheço-me, tendo em conta que os filmes, para mim, são uma reacção a qualquer coisa”, sem terem de ser um manifesto. (no 'Público)
Aqui ficam os parabéns e o desejo que este jovem realizador nos honre com mais obras e mais prémios.
Prémio no festival de cinema mais importante do mundo
João Salaviza vence grande prémio de Cannes para Curtas-Metragens
A sua curta-metragem venceu o Grande Prémio da competição de curtas-metragens, lançando para o centro das atenções a obra deste jovem realizador de 25 anos, ainda estudante de cinema no Conservatório. (...) É uma história centrada num jovem em prisão domiciliária. Mas o realizador recusava a ideia de querer, com “Arena”, transmitir qualquer mensagem ao mundo, como o tinha apresentado a sua produtora, Maria João Mayer. “Nunca diria de mim isso de querer ‘falar ao mundo’, mas sim, reconheço-me, tendo em conta que os filmes, para mim, são uma reacção a qualquer coisa”, sem terem de ser um manifesto. (no 'Público)
Aqui ficam os parabéns e o desejo que este jovem realizador nos honre com mais obras e mais prémios.
domingo, 24 de maio de 2009
Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.
Nuno Júdice
hoje aconteceu-me um acaso digno de registo e alguém invocou, a propósito, a sincronicidade de Jung. A sincronicidade diz que existe um principio de causalidade a unir acontecimentos com significado similar pela sua coincidência no tempo em vez da sua sequencialidade. O que é que eu lhe disse? Nada, rigorosamente nada, neste momento ando a mastigar arquétipos e sua relação com o inconsciente colectivo. Um (a)caso sério.
Inkheart - Coração de Tinta 2008
Realização: Iain Softley
Actores: Andy Serkis, Brendan Fraser, Helen Mirren, Jim Broadbent
Baseado no best-seller de Cornelia Funke, é uma fantasia de aventuras, que acompanha a viagem de um pai e uma filha através de mundos ao mesmo tempo reais e imaginários.
Mortimer "Mo" Folchart (Brendan Fraser) e a sua filha de 12 anos, Meggie (Eliza Hope Bennett), partilham a paixão pelos livros e ao lê-los usam o seu dom único de trazer as personagens dos livros para a vida quando lêem em voz alta. Mas há um perigo: por cada personagem trazida para a vida, uma pessoa a sério desaparece nas páginas do mesmo livro. Inkheart é um livro recheado de ilustrações de castelos medievais e estranhas criaturas - um livro que ele andava à procura desde que Meggie tinha três anos de idade, quando a sua mãe, Resa (Sienna Guillory), desapareceu para o interior do seu místico mundo. Mas o plano de Mo para usar o livro e resgatar Resa é posto em causa quando Capricorn (Andy Serkis), o diabólico vilão de Inkheart, rapta Meggie e exige a Mo que dê vida a outra personagem ficcional. Determinado a resgatar a filha e mandar as personagens de ficção para onde elas pertencem, Mo reune um variado grupo de aliados - reais e mágicos - e embarca numa viagem ousada e perigosa, para colocar todas as coisas no seu sítio.
Um filme mágico, que tem o dom de nos maravilhar com a ficção e transportar-nos para o reino da fantasia. Interessante.
"A represália
Luís Fernando Veríssimo
A Cleide chegou da rua furiosa. Atirou as compras do super em cima da mesa da cozinha e declarou:
- O seu Hermínio passou a mão na minha bunda!
O Óscar tinha recém se sentado para ver o "Jornal Nacional". Disse:
- O quê?
- O seu Hermínio passou a mão na minha bunda.
- Quando? Onde?
- Agora mesmo. No elevador.
- O seu Hermínio?! Do 602? Eu não acredito.
- Ah, não acredita? Pois eu também não acreditei. Mas aconteceu.
- Você tem certeza? Não foi um esbarrão, um...
- Nada. Passou a mão. Eu carregada de compras, sem poder me defender, e ele zupt. E agora?
Pois é. E agora? O que fazer? Era preciso tomar uma atitude. Mas qual? O seu Hermínio do 602 era um bom vizinho. Todos os vizinhos eram bons. O prédio vivia em paz. Fora um pequeno incidente na garagem, uma porta de carro amassada e nunca explicada, e as desconfianças despertadas, e a festinha que um dia passara da conta dos gays da cobertura, nada nunca ameaçara a paz do prédio. Todos se respeitavam. E agora aquilo.
- Você não vai tomar uma atitude, Óscar?
- Vou. Claro. Mas espera um pouquinho.
- Como, espera um pouquinho?
- Espera um pouquinho, Cleide! Você quer que eu bata na porta do 602 e peça satisfações ao seu Hermínio? Boa noite, e que história é essa de passar a mão na bunda da mulher dos outros? Espera um pouquinho.
- Esperar o quê, Óscar?
- Vamos com calma.
O seu Hermínio era mais velho do que o Óscar. Era o inquilino mais antigo do prédio. Aposentado, morava com a mulher e um gato. Não era de falar muito, mas era cortês. Segurava a porta do elevador para os outros. Respondia a comentários sobre o tempo ou o futebol com um "Pois é" meio aéreo. Nas reuniões de condomínio, não dava palpites. O seu Hermínio era a personificação da paz num prédio em que ninguém se metia na vida de ninguém. E a Cleide queria que o Óscar soqueasse o seu Hermínio? Ameaçasse contar para a sua mulher, a dona Lurdes? Agisse como um marido ultrajado?
- Você é um marido ultrajado, Óscar.
- Não. Espera um pouquinho.
A Cleide precisava compreender que haviam outras coisas em jogo, além da sua bunda. Um contexto maior. A questão diplomática. Uma desavença entre eles e o seu Hermínio fatalmente se espalharia e afectaria a harmonia no prédio. A vizinhança nunca mais seria a mesma. E outra coisa que a Cleide precisava entender: aquele negócio de marido ultrajado era meio antigo. Estavam no século XXI. Outra moral. Outras prioridades.
- Quer dizer que passam a mão na bunda da sua mulher e fica por isso mesmo?
Você não faz nada?
- Espera um pouquinho. Vamos raciocinar friamente.
Decidiram-se por uma represália branda. Na primeira oportunidade que tivesse, Óscar passaria a mão na bunda da dona Lurdes. O seu Hermínio entenderia o significado do gesto. Ficariam quites. Zero a zero, e não se falava mais no assunto. A paz do prédio seria mantida. E dali a dias aconteceu do Óscar e da dona Lurdes subirem juntos no elevador. E o Óscar zupt na bunda da dona Lurdes. Que se virou para ele com um sorriso e disse:
- O Hermínio sai para jogar bridge todas as quintas, às oito.
Iiiiih, pensou o Óscar. A Cleide me mete em cada uma..."
sábado, 23 de maio de 2009
este rumor das ondas do mar vem de um tempo longínquo, arrasta-se por tempos de que não há memória. Se houve um momento de silêncio antes da grande tempestade cósmica, que deu origem ao próprio universo, esse momento só se encontra na rebentação das ondas do mar, aí está a espuma desse silêncio, agora em água, materializado.
New In Town/Malas Aviadas
Realização de Jonas Elmer
Argumento de Kenneth Rance e C. Jay Cox
Actores: Renée Zellweger e Harry Connick, Jr.
Lucy Hill (Renée Zellweger) é uma jovem e ambiciosa executiva a viver em Miami. Ela adora vestir bem, conduzir um bom carro e, especialmente, fazer carreira. Quando lhe é oferecida uma colocação temporária – no meio de lado nenhum – para reestruturar uma fábrica, atira-se de cabeça, sabendo que a pode esperar uma boa promoção. Mas o que começou por ser uma mera tarefa profissional acaba por se tornar uma experiência capaz de mudar uma vida, quando Lucy descobre não só o grande sentido para a sua vida como, inesperadamente, o homem dos seus sonhos (Harry Connick, Jr.).
Uma comédia romântica, diverte e relaxa. A ver
De um artigo no Semanário Económico da autoria de Proença de Carvalho.
Vale a pena ler.
"Liderança ou caos
23/05/09 00:03 | Daniel Proença de Carvalho
A percepção da enorme crise do sistema de Justiça tem vindo a agravar-se ao ponto de ser considerado como o mais grave problema do país.
Existindo um diagnóstico generalizado na opinião pública de que tem de ser feita alguma coisa de forte impacto para pôr termo à degradação, temos igualmente de reconhecer que não existe um mínimo de consenso quanto à terapêutica. E é aí que reside o impasse.
Digo com sincero pesar que não me enganei quando desde há muitos anos previ o que está a acontecer no mundo da Justiça. E penso não me ter enganado ao dizer que a crise da Justiça não se resolve com a mudança das leis que regem os processos, nem com mais meios humanos. As nossas leis processuais têm vindo a reduzir os direitos das partes, a diminuir os recursos e em geral a conferir aos investigadores e magistrados amplos poderes de investigação, disciplina nos processos e liberdade de decisão. No que toca aos meios, as estatísticas demonstram que Portugal compara bem com os seus parceiros em percentagem do PIB afecto à Justiça e em número de magistrados. O problema reside no modo de organização do MP, Polícias de investigação e Tribunais. E, principalmente, na absoluta falta de liderança no sector, que assumisse a responsabilidade de criar maior eficiência. Muitos portugueses ignoram que o ministro da Justiça não tem qualquer poder de influência para melhorar o serviço prestado pelo MP e Tribunais. (...)".
Agilizar, modernizar, dotar os tribunais de eficácia, é urgente. O(s) legislador(es) que meta mãos à obra, dignifique-se rapidamente a Justiça, chega de bla bla bla.
(mais aqui)
Vale a pena ler.
"Liderança ou caos
23/05/09 00:03 | Daniel Proença de Carvalho
A percepção da enorme crise do sistema de Justiça tem vindo a agravar-se ao ponto de ser considerado como o mais grave problema do país.
Existindo um diagnóstico generalizado na opinião pública de que tem de ser feita alguma coisa de forte impacto para pôr termo à degradação, temos igualmente de reconhecer que não existe um mínimo de consenso quanto à terapêutica. E é aí que reside o impasse.
Digo com sincero pesar que não me enganei quando desde há muitos anos previ o que está a acontecer no mundo da Justiça. E penso não me ter enganado ao dizer que a crise da Justiça não se resolve com a mudança das leis que regem os processos, nem com mais meios humanos. As nossas leis processuais têm vindo a reduzir os direitos das partes, a diminuir os recursos e em geral a conferir aos investigadores e magistrados amplos poderes de investigação, disciplina nos processos e liberdade de decisão. No que toca aos meios, as estatísticas demonstram que Portugal compara bem com os seus parceiros em percentagem do PIB afecto à Justiça e em número de magistrados. O problema reside no modo de organização do MP, Polícias de investigação e Tribunais. E, principalmente, na absoluta falta de liderança no sector, que assumisse a responsabilidade de criar maior eficiência. Muitos portugueses ignoram que o ministro da Justiça não tem qualquer poder de influência para melhorar o serviço prestado pelo MP e Tribunais. (...)".
Agilizar, modernizar, dotar os tribunais de eficácia, é urgente. O(s) legislador(es) que meta mãos à obra, dignifique-se rapidamente a Justiça, chega de bla bla bla.
(mais aqui)
Hoje, no Semanário Económico:
" Portugal entregou um pedido formal para ganhar território. Os negócios das profundezas valem ouro. A corrida começou.
O cenário é feio, mas é muito valioso. Tão valioso que Portugal, Rússia, China, Malásia, Filipinas e mais três dezenas de países, querem ter direito a mais quilómetros de mar. O objectivo da disputa não é o de encher barcos com turistas e levá-los a passear longe para ver corais ou peixes coloridos. (...Mas os países que reclamam a extensão da plataforma para além das 200 milhas marítimas não são caçadores de tesouros. Ou melhor, até são. Mas estes tesouros podem ter forma microscópica. Eles procuram minerais e moléculas para serem utilizados na indústria farmacêutica, níquel, cobalto, manganês, cobre e energias fósseis como o petróleo ou o gás. Quem tiver mais território marítimo terá mais êxito na exploração destes recursos. E isso vale dinheiro. Mais dinheiro do que os objectos encontrados no Titanic e leiloados pela Christie´s." (leia mais aqui)
Importante o nosso futuro.
Ontem, por mero acaso, num zapping pela tv, tive oportunidade de ver uma pseudo jornalista a entrevistar Marinho Pinto (actual Bastonário da Ordem dos Advogados, eleito por sufrágio directo e universal) e constatei, infelizmente, a fraca qualidade daquela estação televisiva (tvi) e daquela (insisto) pseudo jornalista. Numa entrevista (assim deveria ser) que a senhora conduzia, chegou ao ponto de formular opiniões pessoais, tirar conclusões pessoais, pôr em causa a legitimidade e a actuação do Ilustre Bastonário, além de o interromper sistematicamente (evidência do desrespeito da opinião contrária e sua desconsideração). Como é evidente (quem não sente não é filho de boas familias) Marinho Pinto reagiu com indignação (legítima) dando conhecimmento naquela estação de televisão que aquela pseudo jornalista (faz um péssimo jornalismo e viola sistematicamente o código deontológico)...apesar da sua aparente calma, o telejornal foi interrompido, a mando de alguém, sensatamente, claro.
O que vi não se me afigura jornalismo sério, isento e responsável, sendo no entanto um "bom" momento de televisão para quem gosta de wrestling televisivo. Lamentável!
Isto só para concluir que há dias em que não deveria fazer zapping algum. Tive azar.
Mas se, mesmo assim, pretender ver, clicke aqui.
O que vi não se me afigura jornalismo sério, isento e responsável, sendo no entanto um "bom" momento de televisão para quem gosta de wrestling televisivo. Lamentável!
Isto só para concluir que há dias em que não deveria fazer zapping algum. Tive azar.
Mas se, mesmo assim, pretender ver, clicke aqui.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Uma boa notícia (vidé 'Público')É hoje inaugurado o centro nacional do lince-ibérico. Hoje, em que o mundo comemora a biodiversidade, o ministro do Ambiente inaugura as instalações do centro nacional de reprodução do lince-ibérico, uma das espécies mais ameaçadas do planeta (as principais ameaças à sua sobrevivência são a acentuada regressão do coelho-bravo e a destruição dos habitats mediterrânicos). O centro será instalado na Herdade das Santinhas, em Silves, numa extensão de 150 hectares.
Oxalá este belo animal se salve definitivamente, para nosso bem e do planeta em que vivemos.
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