quinta-feira, 4 de junho de 2009

este ano o Prémio Camões foi atribuído ao poeta Arménio Vieira, de Cabo Verde.
é o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, nasceu na cidade da Praia, na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em 24 de Janeiro de 1941.
além de escritor, é jornalista, com colaborações em publicações como o “Boletim de Cabo Verde”, a revista “Vértice”, de Coimbra, “Raízes”, “Ponto & Vírgula”, “Fragmentos” e “Sopinha de Alfabeto”. Arménio Vieira foi redactor no jornal “Voz di Povo”.
este escritor da língua portuguesa, nasceu na cidade da Praia, em Santiago de Cabo Verde, em 24 de Janeiro de 1941 e três das suas quatro obras estão publicadas em Portugal: «Poemas», de 1981, «O eleito do sol», 1990 e «No inferno», em 1999.
o Prémio Camões, criado em 1988 pelos governos português e brasileiro, distingue todos os anos escritores dos países lusófonos.
autores como os portugueses Antonio Lobo Antunes (em 2007) e José Saramago (em 1995), o brasileiro Jorge Amado (em 1994) e o angolano Pepetela (em 1997) foram alguns dos vencedores em edições anteriores.

SER TIGRE

O tigre ignora a liberdade do salto
é como se uma mola o compelisse a pular.

Entre o cio e a cópula
o tigre não ama.

Ele busca a fêmea
como quem procura comida.

Sem tempo na alma,
é no presente que o tigre existe.

Nenhuma voz lhe fala da morte.
O tigre, já velho, dorme e passa.

Ele é esquivo,
não há mãos que o tomem.

Não soa,
porque não respira.

É menos que embrião
abaixo do ovo,
infra-sémen.

Não tem forma,
é quase nada, parece morto.

Porém existe,
por isso espera.

Epopéia, canção de amor,
epigrama, ode moderna, epitáfio,

Ele será
quando for tempo disso.


(in "Vozes poéticas da lusofonia", Sintra, 1999)

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