quinta-feira, 15 de outubro de 2009


Havana, 14 Out (Lusa) - A bloguer Yoana Sánchez, pela quarta vez impedida de sair de Cuba para receber um prémio internacional, escreveu hoje uma mensagem quase cifrada afirmando estar num mundo virtual a milhares de quilómetros dos "uniformizados" que a impedem de viajar.
"Máquinas de bypass que se desligam, choros de bebé que ecoam. Carimbos que caem sobre as folhas para negar e censurar; kilobytes que levam a minha voz pela Internet sem que tenha de deslocar-me. Alguém que me observa carrancudo enquanto fala pelo 'walkie-talkie' de controlo", é assim que começa a mensagem.
"Um pássaro chamado Twitter eleva-me nas suas patas. Escritórios com gente uniformizada que confirma 'você não pode viajar por agora', se bem que já estou a milhares de quilómetros daqui, nesse mundo virtual que eles não podem compreender nem cercar", termina o lacónico comentário colocado do blogue "Generación Y" ("Geração Y").
A entrada, intitulada "Lecciones de Biología (Lições de Biologia)", está acompanhada de uma foto de Yoana Sánchez nos escritórios governamentais de Havana, onde lhe foi negada, pela quarta vez, autorização para viajar para receber um prémio internacional.
A galardoada planeava deslocar-se aos Estados Unidos para receber, hoje, uma menção especial do Prémio María Moors Cabot, da Universidade de Columbia, mas uma funcionária informou-a de que não tinha permissão para sair da ilha, contou à agência EFE o marido de Yoana, Reinaldo Escobar.
A bloguer, de 34 anos, mostrou no departamento governamental fotocópias das anteriores recusas e o convite da Escola da Jornalismo da Universidade de Columbia, bem como outra que recebeu do Senado do Brasil para que ali faça uma palestra e apresente um livro. Além de um visto para viajar para os Estados Unidos, Yoana Sánchez tem outros da Polónia e de Espanha e um convite do México para ir receber o Prémio "Caminhos da Liberdade".
Os escritos de Yoana Sánchez no blogue "Generación Y" têm sido uma referência fora da ilha sobre a actualidade cubana e tornaram-na merecedora de outros galardões, como a distinção espanhola Ortega y Gasset de 2008, que também não pôde levantar por lhe ter sido interdita a viagem para fora de Cuba.

Enfim, uma ditadura obsoleta que reprime e vai castrando a liberdade individual, em pleno séc. XXI - aqui se dá publicidade que o assunto merece, LIBERDADE para Yoana, já.

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