domingo, 4 de outubro de 2009


Um livro indispensável para quem queira saber mais sobre o êxodo de milhares de cidadãos de Angola durante o processo de independência daquele território português, narrados na primeira pessoa pela autora, vítima e testemunha desse período conturbado. Ao mesmo tempo, um regresso ao passado, uma revisitação das memórias que a autora guardou da sua infância e adolescência passadas na sua terra natal, uma terra de sonho, uma paixão que não acaba nunca, como diz Alexandre Herculano “ Pátria - Não é a terra, não é o bosque, o rio, o vale, a bonina . . . A Pátria São os afectos, que esses lugares nos recordam, na história da nossa vida!”.
Como me acrescentou a autora, a Pátria “São os cheiros, os sabores, as cores, os sons e os amores de nossa memória”.
E essa memória é também uma caixa de ressonância e de depósito de infinitas sensações, de emoções acumuladas ao longo do tempo, que foram moldando o ser e o estar desses angolanos numa característica única e universal aos olhos de quem sabe da história percorrida, apesar de tudo, ainda com coragem para continuar, para sonhar e partilhar esse mesmo sonho, agora publicado.
“Sentei-me na cama com um maboque em cada mão, admirando e evocando o cheiro da infância, de Angola, dos piqueniques na beira do rio Kuanza, das caçadas, da adolescência no clube da Nharêa, da fazenda na Calucinga, das cachoeiras, do olor de umidade do musgo no caminho da horta, da igreja, da mata do colégio, do liceu, das boates no Cubo, da Pastelaria Primor, do primeiro beijo. Agarrei-me aos dois maboques e não os comi para cheirá-los incessantemente por dois dias.”
Eis que, ao longo do texto, se vão misturando o doce sabor da infância, da familia, do colégio, das amizades e um outro sabor, amargo, relativo a uma saída forçada da terra natal, imposta, contra-vontade, devido a uma guerra entre interesses escondidos e uma horda de irresponsáveis sem respeito pelos direitos dos seus concidadãos, cujo futuro roubaram.

8 comentários:

Je Jé disse...

Conhecia-se o ladrão. Mais dia menos dia ele ter-se-ia entregado. E o Amor como alguém alertara pela rádio católica já em 1974, ter-nos-ia transformado Angola num lugar novo descomunal, quiçá, com a total ausência do estado. Somos os percursores vivos do pleno entendimento e pleno emprego forever, por ser Amor universal e eterno.
Desculpa, empolguei-me, até ao início de um novo ciclo com o predomínio do transcendental, ufos, vá-se lá saber.

Flip disse...

JeJé
transcendências mas não especulação mermão, disseste bem :-)

Dulce Braga disse...

Ndapandula Flip!
Beijo sabor maboque:)

Flip disse...

Dulce
:-)
dji nada garota, prazer é todo meu
Bj

Je Jé disse...

Devo também agradecer, as fotos.
Como até o Sócrates soe falar,
Porreiras, Pá.

Flip disse...

JeJé
dji nada meu, numa boa.
:-)

Gi disse...

Devo-me rever neste livro com toda a certeza.

Flip disse...

Gi
vais gostar certamente, na Book House/CC Saldanha :-)