quarta-feira, 6 de maio de 2009
Ela adorava escrever, mas vinha adiando esse desejo há algum tempo.
Num fim-de-semana prolongado ela conseguiu, finalmente, sentar-se e pôr a escrita em dia. Gostava de escrever a lápis de carvão. Não, não era para apagar ou corrigir, ela gostava de ouvir o som do lápis no papel, quase que o rasgava, era a ansiedade que lhe emprestava esse fulgor na escrita.
Escrevia como um rio inquieto que corre para o mar, sem margens e com ondulação forte, surfava nas vagas através das virgulas, dir-se-ia que fazia rafting pelas palavras, pelas frases e pontos de exclamação.
Um dia a sua escrita impetuosa e radical descontrolou-a e ela desorientou-se, ficou baralhada, foi um parágrafo que a tirou da aflição.
Achou melhor deitar-se e repousar.
Mais tarde, quando acordou, viu o seu caderno em branco, as palavras haviam ido com a corrente e nem uma consoante ficara para amostra. O lápis, esse, parecia um junco abandonado e à deriva.
Ela voltou a sentar-se, mas passou a usar capacete e colete salva-vidas.
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2 comentários:
E o caderno passou a ser à prova de água, suponho!
ó Gi
havias de vê-la...
;-)))
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