sábado, 1 de agosto de 2009



"A poesia tem sido para mim uma forma de libertação. Não se pode dizer que seja uma expressão simples, fácil, o que a poesia procura é algo que de certa maneira ela não consegue admitir. Quer dizer, a finalidade do poeta é escrever, criar um texto que tenha uma certa coerência, que tenha a coerência da incoerência (como diz um crítico francês). Mas é o que está para além das palavras, é o horizonte das palavras e é realmente o que é fundamental. Não só as palavras poéticas me fascinam mas aquilo para que elas apontam, o horizonte para que apontam, o espaço para que elas se dirigem é que é realmente a realidade imaginária e real; essa é que é a finalidade porque há em nós algo que é indefinível, incomunicável e indescritível. O poeta pode suscitar a possibilidade de tornar actual (no sentido real) certas virtualidades, que se concentram no desejo do homem, numa espécie de corpo que ele quer encontrar, como que penetrar nesse corpo /uma criação, mas também uma realidade exterior, cósmica."

António R. Rosa in entrevista concedida a Patrícia Valinho.

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