sábado, 28 de novembro de 2009


(...) Numa tarde fria, bela, chegaram a acumular-se três pessoas para tirarem dúvidas. Quando o homem disso se apercebeu, enternecido, olhou a criança. A criança, surpreendida com aquele olhar extenso, olhou o cartaz. Soletrou mais alto do que da primeira vez, para que todos na fila o ouvissem: ti-ram-se dú-vi-das...
O tirador de dúvidas afagou o menino. Disse-lhe um segredo: dúvida é quando não sabemos bem alguma coisa. O menino enxugou o ranho transparente do seu lábio, sorriu, procurou a orelha peluda do homem: dúvida é amanhã?
Mãos dadas, dúvida virou nome de esquina. (...)

Ondjaki in "E se amanhã o medo"

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