"a sobrevivência da nossa herança religiosa é condição para a sobrevivência da civilização".
A religião não deve entrar no lugar que pertence à ciência e à técnica. Ela surge de outra dimensão, que "nos capacita para conviver com o fracasso, o sofrimento e a morte". Ela é o caminho que nos leva a "aceitar a derrota inexorável". Para a Humanidade, não há a última vitória, já que, "no fim, morremos".
Sem tradições religiosas, que razão haveria para respeitar os direitos humanos? Vendo as coisas cientificamente, o que é a dignidade humana? Superstição? Do ponto de vista empírico, os homens são desiguais. Como justificar a igualdade? Os direitos humanos são uma ideia a-científica."
As normas morais não podem assentar apenas no medo, segundo o modelo de Hobbes. Até certo ponto, "estamos programados instintivamente para a conservação da espécie". Mas não se pode esquecer que "a história do século passado mostrou inequivocamente que podemos, sem grandes inibições, aniquilar membros da nossa própria espécie. Por isso, precisamos de instrumentos de solidariedade humana, que não assentam nos nossos instintos, interesses próprios ou violência". "A falta da dimensão da Transcendência enfraquece o acordo social."
excerto da coluna no DN de Anselmo Borges - "A sobrevivência da civilização" (a qual contém entrevista do Die Welt ao filósofo polaco Leszek Kolakowski.
2 comentários:
Já não sei onde nem quando li, Flip, que, nesse processo de dignificação humana, é decisivo o princípio (pelo menos) cristão que nos considera feitos à imagem e semelhança do Criador. Esse princípio corta com qualquer apelo à submissão (que preside, de algum modo, à religião muçulmana, por exemplo) e faz do homem – de cada homem - um «deus menor» ou, também ele, uma criatura propensa ou dotada para a criação.
Luísa,
e assim penso que seja, são traves mestras que orientam cada um de nós, princípios e regras, podemos não as cumprir todas mas sabemos que funcionam como um farol não é?
:-)
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