domingo, 15 de março de 2009


"Eu acho que nunca cheguei a dizer a ninguém, talvez só mesmo à Romina, mas na minha cabeça eu sempre escondia este pensamento: as despedidas têm cheiro. E não é cheiro bom tipo chá-de-caxinde, ou as plantas a darem ares duma primeira respiração na frescura da manhã, entre silêncios e cacimbos molhados. Não. Despedida tem cheiro de amizade cinzenta. Nem sei bem o que isso é, nem quero saber. Não gosto mesmo de despedidas."

Ondjaki in Os da minha rua (Um Pingo de Chuva)

Também não gosto nada de despedidas, algumas até doem ou causam 'aquele' nó no estômago, uma lagrimita que não se consegue suspender por muito tempo, uma saudade imediata. Lembro uma despedida que me doeu particularmente, aos onze anos fui largado à porta de um colégio interno após anos a fio de tratamento vip. Ver os cotas a basarem deu-me a noção de que estava sozinho no mundo e foi assim que comecei a crescer e a saber que a vida tem estes 'contratempos', sem mágoa, pois até me fez bem, ajudou a criar uma couraça que ainda hoje vai resistindo ao tempo e não só...
Obg Ndalu por me avivares estas 'cenas'. E olha que acho que também nunca disse a ninguém, por isso, bico calado, fica só entre nós meu avilo.

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