domingo, 12 de julho de 2009


“- Será que o cão tem espírito?, perguntou-me o filho do meio. Olhei para ele surpreendido. E acabei por responder: - Não sei sequer se nós próprios temos espírito ou se é o espírito que nos tem ou está em nós. - É isso o que eu queria dizer. Olha para ele. Era um fim de tarde de Agosto, o cão estava parado frente ao mar, o pêlo muito luzidio, a cabeça levantada, narinas abertas, sorvendo o ar. - Ele está a cheirar o espírito. O espírito da terra, o espírito do vento, o espírito das águas.”

Manuel Alegre in "Cão como Nós"

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