quarta-feira, 8 de julho de 2009


"Vi tanta gente curvada no cais...Tanta gente. Ocorreu-me, da minha varanda, novamente a ideia de os aeroportos, os portos e os cais serem, mais do que lugares de partida, lugares de desencontro. Um toque íntimo de destinos cruzados mas, no instante seguinte, a infinita distanciação das pessoas. Vi, nessa manhã, tanta gente curvada no cais. O dia começava, a manhã estava clara e fresca na sua inauguração. Mesmo assim toda aquela gente curvada. Crianças, sim, crianças. Os velhos sentados – conversando, olhando, esperando. Mas as pessoas que se moviam, estavam curvadas. A vida é pesada.”

Ondjaki in “E se amanhã o medo” (O Pássaro do Cais)

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