terça-feira, 22 de setembro de 2009


passado o tempo para as ‘esselências’ (como diz um amigo meu) cortarem a fita e darem um ar da sua graça, fui finalmente à Casa das Histórias Paula Rego ("uma das maiores pintoras vivas" do mundo, segundo o Finantial Times), que foi inaugurada na passada sexta-feira.
O edifício, térreo e quase cego, cor de barro, é composto por duas torres em forma de pirâmide. Eduardo Souto de Moura foi o arquitecto.
Além de um jardim perfeitamente cuidado e que empresta ao edifício uma maior harmonia, existe também um espaço lúdico e esplanada no exterior, além de um espaço de merchandising onde o visitante pode obter documentação diversa sobre a pintora e não só, ‘gifts’ e ‘souvenirs’.

No interior, salas distintas vão espelhando as obras de Paula Rego, o percurso é cronológico e divido em quatro grandes zonas temáticas.
Na primeira sala, trabalhos dos dez primeiros anos, de uma Life Painting datada de 1954, altura em que Paula Rego era aluna da Slade School of Fine Arts, de Londres, obras como Quando Tínhamos uma Casa de Campo (1961) ou O Exílio (1963), técnicas mistas com colagem que cruzam já o statement político com referências da esfera familiar e pessoal da artista.

Depois, os anos 1980, quando Paula Rego abandona a colagem e se dedica a um figurativismo cada vez mais assumido em obras como O Macaco Vermelho Bate na Mulher (1981) ou a grande série Óperas (1983), das quais se apresentam, em simultâneo, cinco grandes telas e cinco pequenas aguarelas preparatórias. A etapa seguinte - 1994 a 2005 - a introdução do pastel na obra de Paula Rego com Mulher Cão, trabalho apresentado na sala de exposições temporária e que abre caminho para obras cada vez mais realistas e, simultaneamente, teatrais, como Entre as Mulheres (1997), da série O Crime do Padre Amaro, o conhecido e imponente Anjo (1998) ou o tríptico The Pillowman (2005).

Apesar de presente noutros momentos, a gravura compõe a última etapa - 1988-2007 - de trabalhos das conhecidas séries Nursery Rhymes, a primeira em que a artista usou esta técnica, e Jane Eyre, baseada na obra homónima de Charlotte Brontë, a litografias mais recentes como as séries Príncipe Pig. A sala de exposições temporárias está pensada como última visita. É onde até 18 de Março se expõe um conjunto de obras emprestadas pela Galeria Marlborough, a representante internacional de Paula Rego, com trabalhos icónicos como a Filha do Polícia (1986), a série Avestruzes Bailarinas (1995), baseadas em Walt Disney, ou O Vasto Mar de Sargaço (2000), inspirado na obra homónima de Jean Rhys.

Em suma, uma mais valia enorme para todos nós que apreciamos a arte desta magnífica artista. Um louvor à CMC e ao Presidente António Capucho que bem merece uma saudação.

8 comentários:

CPrice disse...

Obrigada Flip .. a princesa lá de casa pediu para agendar lá uma ida. Fiquei convencida :))

Gi disse...

Tu estás sempre lá em cima do acontecimento.;)
Sabes que aquelas pirâmides são inspiradas nas chaminés de um certo sítio em Sintra? ;)

Flip disse...

Catarina,
um belo espaço, no seu todo, vão adorar :-)

Flip disse...

Gi
sempre :-)
não sabia, vou esclarecer mais :-)
e não te esqueças de lá ir, vais gostar.

Luísa A. disse...

Não sei, Flip, por que razão não consigo aderir à Paula Rego. :-S

Flip disse...

Luísa
ela é, enquanto pessoa, genial, simples (viu o programa com a Paula Moura Pinheiro na rtp2esta semana? Devia ter visto...) e uma pintora muito original, devia ver a exposição, lá está retratado o seu percurso,as fases por que passou e algumas obras magníficas. Não hesite, vai adorar porque não há outra igual, trust me :-)

Gi disse...

Estive a ler uma reportagem na Visão e diz lá que as Torres são inspiradas nas chaminés do Mosteior de Alcobaça.

Eu ia jurar que tinha ouvido o Sr. Arquitecto dizer que era nas de Sintra ... mas se calhar foi aquilo que eu quis ouvir. ;)

Flip disse...

Gi
o malandro do arquitecto!!!! Deixa lá, estão giras é o que importa :-)