Hoje no Público:
vale a pena ler integralmente a crónica de Vasco Pulido Valente contra essa «simplicidade» bruta e ignorante que os republicanos norte-americanos e a direita europeia tanto parecem apreciar.
«Democracia e mediocridade
Vasco Pulido Valente
No ataque a Obama, a Convenção do Partido Republicano, que não podia recorrer ao racismo puro e duro (embora indirectamente o fizesse), preferiu concentrar o seu ódio ao homem no que nele, a seguir à cor, acha mais detestável: a educação. Isto pode parecer estranho num partido dedicado à independência, liberdade e criatividade do indivíduo de que falou sempre com grande entusiasmo. Mas não é.
O que os republicanos detestam em Obama é uma educação aristocrática e privilegiada (Direito Constitucional em Harvard e, a seguir, em Nova Iorque, na Universidade de Colúmbia) e o respeito que ela ainda inspira. Em compensação, a candidata à vice-presidência, Sarah Palin, é muito estimada por ter tirado um vago curso de Jornalismo e um mestrado sem valor numa universidade desconhecida.
Como diria Luís Filipe Menezes, se por lá andasse, Obama é um "elitista" do Leste; Sarah uma perfeita representante das "bases". Obama não merece confiança, porque pensa bem e fala bem, e porque, percebendo a complexidade do mundo, não o vê com a intolerância e o primitivismo do americano "normal". A uma pessoa assim, quase um "europeu", com certeza que falta a convicção e a coragem para impor a supremacia da América e para "sentir" a difícil vida dos "pequenos".
Sarah Palin, com duas noções desconexas na cabeça e a brutalidade dos simples, pertence, real e simbolicamente, à mítica "pequena cidade" do interior que o cinismo urbano não conseguiu contaminar; à "pequena cidade" ordeira e beata, em que vizinhos se ajudam e o "espírito comunitário" não enfraqueceu.»
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