segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Sexta-feira é o "grande dia" em Angola e os olhos de todo o mundo vão estar postos naquela terra.
Não que se espere que a operação eleições seja perfeita, mas antevê-se que será tão legítima e transparente que marcará um padrão para África inteira.
A Chatham House britânica, diz-nos a Lusa, afirma num relatório que "Estas eleições são as mais avidamente esperadas no Sul do continente africano. Com o país a gozar de estabilidade política e económica, representam um marco crítico na transição pós-guerra e marcam o fim do acordo de partilha de poder entre o MPLA e UNITA, estabelecido em 1994".
"Apesar de o processo eleitoral poder não vir a ser perfeito, vai proporcionar, pela primeira vez na história pós-colonial de Angola, a todos os partidos, a oportunidade para activamente fazer campanha para uma nova liderança. Isto é um passo-chave na normalização política e constitucional da Angola, mas sobretudo, no desenvolvimento da tolerância mútua", acrescenta.
"Espera-se que estas eleições decorram de maneira pacífica e que marquem o regresso a luta política não violenta através das urnas", apesar de não se prever que "resultem em mudanças dramáticas na paisagem política de Angola", devendo "o MPLA manter a maioria no Parlamento".
"A questão que se coloca é se o MPLA vai atingir a maioria de dois terços, que lhe permitiria fazer decisões unilaterais na Constituição", salientam os especialistas.
O registo de mais de oito milhões de eleitores em 18 províncias do país - levado a cabo nos últimos 12 meses pela Comissão Interministerial para o Processo Eleitoral (CIPE) - é considerado pelo documento como "um feito impressionante".
"Angola pode vangloriar-se sobre o mais avançado recenseamento eleitoral em África, e possivelmente no mundo", sublinha-se no texto.
O documento destaca também como passos positivos a "criação de uma nova estrutura legal, nomeadamente a criação de um novo pacote de leis eleitorais", o "aumento da segurança no país (devido ao processo de desmobilização e desarmamento levado a cabo pelo Governo desde 1992) e o facto de a sociedade civil angolana participar, pela primeira vez, na "observação das eleições", estimando-se que seja possível "cobrir 50 por cento dos 12.400 postos de voto que serão colocados em todo o país". (Texto completo em http://www.lusa.pt/lusaweb/intuser/showitem?service=206&listid=NewsList206&listpage=2&docid=8724701)
Mas apesar de tudo isto, os jornalistas estrangeiros que cobrem estas eleições continuam com preconceitos. Alex Duval Smith, do britânico "The Guardian" e escrevendo para a "Observer", faz uma reportagem interessante (http://www.guardian.co.uk/world/2008/aug/31/angola.elections), mas termina com observações que mostram um cuidado em mostrar reserva não vão as coisas dar para o torto: "Life is no better or worse here than in an African country without oil. No one has any enthusiasm for politics. On Friday, their only political weapon will be to vote with their feet and stay away."
Com toda a boa vontade que José Eduardo dos Santos tenha para fazer as melhores eleições em África, o resto do mundo vai estar sempre de pé atrás. É um caso em que terá de ser ainda muito mais sério que a mulher de César...

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