quinta-feira, 5 de março de 2009


Lidos os originais, o editor, sorriso largo e abraço apertado:
- Ó homem, você é grande! Uma força da natureza!
Embaraçado, sem saber onde pôr as mãos, agradeceu.
- Não é favor. Os seus escritos têm o tamanho do mundo!
Um exagero. De qualquer modo, a consagração.
Como num conto de fadas, vê-se publicado, entrevistas, televisão, o Nobel...
Fala, ele mudo, delírio interior. Fala e vai mudando de tom, mudando, o editor:
- O problema, sabe...como dizer...somos uma casa pequena. Não somos sapato para o seu pé...
Saiu como havia entrado: barata com dois pezinhos, a prosa (envergonhada) debaixo do braço. E foi-se, rente às paredes, não fosse alguém calcá-lo. Inadvertidamente.

Augusto Baptista in Histórias de coisa nenhuma e outras pequenas significâncias

2 comentários:

Maria Eduarda disse...

Ele devia acreditar mais em si do que no editor. E sair o manuscrito para a rua, caminhando por entre os automóveis. A tentativa de suicídio publicava o livro em 2 tempos. Vai uma aposta?

Flip disse...

e vai daí, és capaz de ter razão MÉ...Imagina a TVI ali por perto!!!
:-)