quinta-feira, 5 de março de 2009
O artista não é, e nunca foi, um homem isolado que vive no alto duma torre de marfim. O artista, mesmo aquele que mais se coloca à margem da convivência, influenciará necessariamente, através da sua obra, a vida e o destino dos outros. Mesmo que o artista escolha o isolamento como melhor condição de trabalho e criação, pelo simples facto de fazer uma obra de rigor, de verdade e de consciência, ele está a contribuir para a formação duma consciência comum. Mesmo que fale somente de pedras ou de brisas a obra do artista vem sempre dizer-nos isto: Que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.
Sophia de Mello Breyner Andresen - Arte Poética — III
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2 comentários:
E sobretudo, que temos capacidade de criar, que somos criadores - que é no que nos vejo com vantagem sobre o animal acossado, Flip. Afinal, também este é merecedor de liberdade e dignidade de ser.
Cara Luísa
sem dúvida, e o acto de criar provoca em nós a emancipação do mundo animal, será? :-)
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