sexta-feira, 4 de setembro de 2009



Diz no 'DN' Maria José Nogueira Pinto sob o título "Pode a política não ter valores?
(...) Manuela Ferreira Leite decide entrar em ruptura com uma forma de fazer política, geradora de descrédito e desconfiança, e fazê-lo a partir de um PSD que mercê de sucessivas lutas internas não lograra constituir-se como alternativa, joga uma parada altíssima e de enorme risco.
Não vale a pena, pois, comparar o seu programa com o do PS em número de páginas ou em quantidade de medidas. O mérito deste programa é ser feito para o País que temos e com vista ao País que queremos e não, apenas, para conquistar votos. Este é, aliás, um dos raros programas que ousou ter um fio condutor, um pano de fundo valorativo. E é neles que se escora a sua coerência intrínseca.
Cito apenas alguns exemplos: o reconhecimento da necessidade de valores cívicos e éticos; a importância de um Estado social apto a aproveitar toda a energia da sociedade civil; a família tomada como eixo de todas as políticas sociais; uma visão da política como a arte do possível obrigando a opções prévias e claras; a convocação dos cidadãos como parte deste pacto numa partilha de responsabilidades; a economia como um instrumento ao serviço das pessoas e do desenvolvimento; o reconhecimento da importância de mobilizar e estimular as valências do poder local; a substituição de um dirigismo asfixiante por um Estado no seu lugar, garante da ordem pública e das condições de bem-estar que dê espaço de respiração às aspirações e projectos dos indivíduos, das famílias e das instituições; o reconhecimento de que solucionar o terrível problema da Justiça arranca, hoje, sobretudo do reforço da credibilidade e da legitimidade do poder judicial e dos seus actores; o valor, na saúde, da universalidade do acesso aos cuidados e da promoção da liberdade de escolha; uma cultura de exigência e de rigor na educação. Tudo isto são valores mais seguros e eloquentes que 300 medidas inexequíveis e impossíveis de avaliar."

A meu ver, continuam os partidos com as mesmas bases programáticas, escudando-se em valores que entendem entre eles terem caído nas ruas da amargura e a garantir que agora é que é, com esta liderança é que vai ser e mais isto e aquilo. E quem assim fala, é claro, está também imbuído nesta corrente de vitória, ou pelo menos de candidatura à vitória, e com lugar assegurado, tratando-se, portanto, de mero panfleto de propaganda naquilo que julga adequado ou satisfatório. Pois eu cheguei já há algum tempo à era do São Tomé, só vendo para crer, de promessas fartei, seja qual for o profeta, e por isso aguardo pelos demais programas eleitorais, a ver se algum deles é mais concreto e tenha bases sólidas que me inspirem confiança, o meu voto não é fácil,assim o fizessem todos, chega de blá blá bla, quero ver trabalho.

2 comentários:

Luísa A. disse...

Fiz aqui «leitura rápida», Flip, reconheço. E talvez por isso não tenha percebido se a Maria José nos aconselha que nos centremos no realismo dos programas, ou se, pelo contrário, acha que devemos desconfiar de todos os programas e esperar pela acção, para «ver e crer». Em que ficamos? :-)

Flip disse...

Luísa
do que a MJNP fala é da sua confiança na MFL, mas, a meu ver, continuamos nas mesmas bases programa´ticas, e o que se quer é ver na prática os resultados e nã o blá blá blá...eis a fase a que (eu, pelo menos) cheguei, e daí não colocar o meu voto assim tão facilmente à disposição dos candidatos a eleitos... :-)