terça-feira, 3 de março de 2009


- Vocês pediram-me que viesse na suposição que um escritor diz coisas interessantes. Esperar que um escritor diga coisas interessantes é o mesmo que esperar de um acrobata que ande aos saltos mortais na rua. Em regra só os artistas medíocres dizem coisas interessantes e tenho uma desconfiança instintiva dos verbosos, dos fluentes, dos engraçados, dos que dissertam, sem pudor, acerca do seu trabalho. Nunca conto a ninguém o que estou a fazer. (...) Falar de quê, se trabalho no escuro e não vejo.

António Lobo Antunes

4 comentários:

CPrice disse...

Confesso que tenho uma admiração superior por este senhor.

Luísa A. disse...

O problema do Lobo Antunes, Flip, é, mais do que saber que os outros supõem que um escritor diz coisas interessantes, achar que deve corresponder a essa suposição. Daí que as entrevistas em que já o vi tenham sido surrealistas, uns falando em alhos e outros em bugalhos. O Lobo Antunes aparece, geralmente, artilhado com uma série de frases feitas, que dispara a torto e a direito, independentemente do que lhe perguntam, e o resultado é confrangedoramente hermético ou vazio. Isto sem nenhum demérito para o escritor-escritor, que aprecio.

Flip disse...

cara once
já somos dois...
;-)

Flip disse...

cara Luísa
acho que ele vive já num mundo àparte e permite-se ser e assumir-se com o seu outro eu, quiçá mais pra lá do que pra cá, mas sem dúvida original na escrita e com um pensamento que tb aprecio imenso :-)