terça-feira, 9 de dezembro de 2008


imagem de Chantal Berghe

Brinquedo

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela.
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.

Miguel Torga, diário I, 1941

2 comentários:

Luísa A. disse...

O sonho de que os sonhos de infância se tivessem transformado em realidade? Alguns transformaram, Flip. Há estrelinhas no meu firmamento que começaram por ser papagaios de papel. Também lá há uns buraquitos negros… mas enfim. ;-)

Flip disse...

Luísa
:-) gostei dessa referência aos buracos negros, anti-matéria, que tudo devora para dentro de si, numa força enorme de atracção...a Luísa não queira nada com esses black holes :-))) são lindos lá longe não é?
bj