quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
«Nua és tão simples como uma das tuas mãos,
Lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tens linhas de lua, caminhos de maçã,
nua és fina como é fino o trigo nu.
Nua és azul como a noite em Cuba,
tens trepadeiras e estrelas no cabelo.
Nua és enorme e amarela
como o verão numa igreja de ouro.»
Amarrotando o texto com repulsa, sepultou-o de volta no avental, e concluíu:
- Quer dizer, senhor Neruda, que o carteiro já viu a minha filha em pêlo!
O poeta lamentou nesse momento haver abraçado a doutrina materialista da interpretação do universo, pois teve urgência de pedir misericórdia ao senhor. Encolhido, arriscou um comentário sem a habilidade desses advogados que, como Charles Laughton, convenciam até um morto de que ainda não era cadáver.
- Eu diria, senhora Dona Rosa, que do poema não se conclui necessariamento o facto”.
(Antonio Skármeta in O Carteiro de Pablo Neruda)
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3 comentários:
Belíssimo filme, e belíssima história, esta.
(um dia, na Nazaré, conheci um homem que era tal qual o carteiro do filme; nos traços físicos, na forma como se expressava e no conteúdo - hilariante)
:-)
contra a maioria confesso que gosto mais do carteiro do que do próprio destinatário das cartas .. shiuuuuu ;)
Dia bom por aí Caro Flip
cara fugi
tb adorei o livro e o film 5*..faz parte do rol dos meus favoritos...e que belos passeios devem ser esses lá pela Nazaré :-)
cara once
um dos meus personagens favoritos, o carteiro, com tantos significados não é mesmo once? dIA SUPER BOM TB :-)
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