quinta-feira, 4 de dezembro de 2008


O Português que nos pariu
de Ângela Dutra de Menezes

Uma História de Portugal que não é para levar muito a sério e que é susceptível de nos proporcionar alguns momentos de boa disposição, dado o recurso a uma linguagem light, descomplexada e divertida. E como assim a classifico assim a recomendo, não podemos considerá-la ofensiva, jocosa ou até satírica propriamente dita, nada disso, tão só alguma irreverência de uma autora brasileira que, por alto, empresta algum colorido e uma dose de graça à forma como interpreta alguns episódios da nossa história, sem perder o respeito e revelando até algum orgulho da sua descendência lusitana. Tudo tendo como reflexo, evidentemente, as repercussões do nosso passado nas terras de Vera Cruz e no jeitinho brasileiro de ser e estar. Afinal, uma peregrinação à história deste nosso povo de quem a autora revela que... “Não se escreve a história do mundo sem referência aos lusitanos...”.
Há alguns lapsos históricos e estas falhas científicas são compensadas pela imaginação de quem afinal acaba por consagrar algum carinho e respeito pela nossa alma e maneira de ser – “Aliás, os portugueses andaram no mundo inteiro. Um país pequeno, na ponta da Europa, habitado por meia dúzia de gatos pingados, realizou a proeza de ser o dono do mundo. É de se tirar o chapéu...O espírito aventureiro, que empurrou os portugueses para os oceanos, fez-nos – e a muita gente – como somos: língua, cultura, religião, costumes, vícios e manhas. Herança de um povo forte, incapaz de intimidar-se ante o desconhecido...”.
O recurso ao humor estende-se pelo livro, não creio que possamos sentir-nos ofendidos com passagens como esta “ Hoje se sabe que a Escola de Sagres, fundada pelo infante, não era uma escola no sentido exacto da palavra. Não aceitava alunos, não fornecia merenda, nem enfrentava greve de professores” ou ainda estoutra “Dom Sebastião não deixara filhos e nem tinha irmãos. Temporariamente, o regra-três-cardeal-infante-inquisidor Henrique voltou ao trono. Mas morreu pouco depois, deixando o problema para três sobrinhos: Huguinho, Zezinho e Luisinho. Ou melhor, dom António, prior do Crato...”.
Tem espírito aberto? Quer um livrinho para ficar bem disposto? Leia-o.
Alguma crítica foi mais severa, creio que não é caso para isso (minha conclusão: É mais forte aquilo que nos une que aquilo que nos separa). Somos um povo GRANDE e um GRANDE povo “Europa, Ásia, África, América. Séculos de navegação – onde havia terras, o português chegou. Alguma outra língua poderia inventar a palavra saudade?”.

2 comentários:

CPrice disse...

ela descrição faz-me lembrar a peça que vi há uns dois anos talvez, com a princesa, no Bocage .. a Alegre História de Portugal em 90 minutos.
Aprendemos muito pouco (risos) mas rimos até às lágrimas :)
A vida não é tão séria quanto .. gosto de pensar.

Bom fim-de-semana Caro Flip

Flip disse...

cara once
certamente na mesma linha, para dispor bem, há que saborear estes momentos de boa disposição, concordo consigo :-)