domingo, 19 de abril de 2009



É frequente ver por aqui grandes paquetes passarem a caminho do porto de Lisboa. E isso recordou-me que em miúdo tive o enorme privilégio de viajar nos navios da Companhia Nacional de Navegação (CNN). Naveguei mar alto a bordo dos magníficos navios Vera-Cruz, Uíge, Príncipe-Perfeito e Pátria. Luanda- Lisboa e Lisboa-Luanda, com passagem pela ilha da Madeira, Canárias e por vezes um ou outro porto africano, eram escalas obrigatórias. O atlântico, esse mar imenso, atravessei-o, assim, várias vezes, ainda hoje lembro as vagas e vagalhões que num constante vai-e-vem tentavam derrubar-nos e nos punham em sentido, as emoções eram mais que muitas, mas quando a serenidade se impunha, o oceano que nos ocupava todo o horizonte, tornava-se dócil e molengão, os golfinhos acompanhavam-nos no percurso e as gaivotas e os albatrozes apanhavam boleia nas amuradas até onde lhes apetecia e à noite, com o luar, o eco do navio a sulcar o mar tinha um som calmo que chegava a embalar até as sereias, e nós espreguiçávamos nas cadeiras do convés enquanto ondas relaxantes pareciam sussurrar melodias compostas pelo vento, deixando-nos contemplativos, o firmamento na retina superava o melhor quadro. Recordo com saudade essa verdadeira prova de vida onde o mar ganhou o meu enorme respeito, e o homem do leme, a minha maior consideração.

4 comentários:

Gi disse...

Se calhar até nos cruzámos no Príncipe Perfeito. ;)

Flip disse...

Gi ;-) acho que me lembro de te ver a saltar nos botes salva-vidas ;-)))

Maria Eduarda disse...

Foram parte da minha infância estas viagens. E continuo a amar os barcos. Grandes ou pequenos mas sobretudo os veleiros... que nos dão tempo para tudo.

Flip disse...


verdade...
:-)