sábado, 18 de abril de 2009


Pode ler-se no Correio do Minho/Lusa:
"Defesa: 'Abandono de África' é o pior legado da revolução de Abril - Jaime Neves
O súbito 'abandono' de África foi um dos piores legados do 25 de Abril, considerou o coronel Jaime Neves, operacional da contra-revolução que em Novembro de 1975 neutralizou uma tentativa de assalto ao poder da extrema-esquerda em Portugal.
'Na altura não me apercebi bem do que era abandonar África, não dei o devido relevo. Se eu me tivesse apercebido que íamos abandonar África com certeza que não sei se entraria [na revolução de Abril]. Pelo menos não tomava parte activa', disse o coronel na reserva, em declarações à agência Lusa.
Para Jaime Neves, o 'problema de África tinha que ser resolvido', mas os responsáveis políticos do pós-25 de Abril em Portugal demitiram-se de 'controlar a independência'.
'A independência devia ter sido controlada por nós. Angola e Moçambique tinha muitos brancos já nascidos lá. Lembro-me em Moçambique de haver a quinta e sexta geração. Como é, foram ignorados? Tinham que ter uma palavra a dizer', referiu.
E acrescentou: 'Havia muitas maneiras de ficarmos em África. Não sou um defensor do Portugal inalienável e indivisível. Se a Guiné não aguentava, tenho muita pena, largávamos a Guiné. Mas isso não nos obrigava a largar Angola e Moçambique. Em Angola, quando se deu o 25 de Abril, não havia um tiro há seis meses'.
(...)À 'indisciplina e anarquia' Jaime Neves acrescenta outra razão: 'Eu não fiz o 25 de Abril para ver o PCP e forças de extrema-esquerda a assenhorarem-se deste país e a mandarem em tudo, passarmos de um extremo para o outro'.
(...)Há cerca de um ano, Jaime Neves sofreu um acidente de automóvel e, ainda em convalescença, sofre um acidente vascular cerebral e foi submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração.
Olhando para trás, o 'histórico' do 25 de Novembro arrepende-se de 'poucas coisas' e admite que 'as circunstâncias obrigam por vezes as pessoas a tomar determinadas atitudes'.
Mas observa: 'não posso estar satisfeito com a situação actual do nosso país se olho à minha volta e vejo tudo descontente. Chego eu próprio a pôr em dúvida se valeu a pena. Honestamente'.

2 comentários:

Maria Eduarda disse...

A questão de saber se valeu a pena... eu penso que a independência das colónias tinha que acontecer. Era inevitável.Passados mais de 30 anos não vale a pena continuar a bater no ceguinho. Angola e Moçambique já encontraram o seu caminho. Há que dar tempo ao tempo.

Flip disse...

concordo, aliás a independência tardava...Com o que não concordo foi terem dado, repito, dado a independência só repito só aos chamados movimentos de libertação...então e os legítimos direitos das populações portugeusas que lá estavam e tornaram aqueles países em enormes territórios? Isso ninguém pode esconder nem esquecer...Jamais.