sábado, 18 de abril de 2009

Também no DN, algo que merece nossa aprovação porque defende a nossa língua, isto é, nós:
"A linguagem dos entendidos
por J.M. Nobre-Correia
"Para perceber um jornal português é preciso um bom dicionário de inglês...

Há princípios elementares que os responsáveis dos media portugueses esquecem. E um deles é o que diz que é preciso endereçarem-se aos seus públicos numa linguagem que esteja ao alcance do comum dos mortais. Desde que se trate de media destinados ao "grande público", claro. Porque os especializados poderão naturalmente recorrer a uma terminologia de iniciados.
Ora, os media portugueses que visam o "grande público" não só consagram demasiado espaço a temáticas do microcosmo lisboeta que não interessam à grande maioria dos cidadãos como, ainda por cima, utilizam uma linguagem globalmente incompreensível! A tal ponto que, quando se procura ler hoje um diário ou um semanário português "grande público", é indispensável armar-se de um bom dicionário de inglês para tentar compreender o que querem dizer os site, online, lay-off, play-off, franchising, outlet, offshore, lifting, share, target, outdoor e outros deliciosos termos perfeitamente desconhecidos para a grande maioria da população...
Para quem escrevem os jornalistas? Para eles próprios? Para as "fontes" que lhes forneceram a informação? Para os media estrangeiros em que se "inspiraram"? Que inconsciência! Que snobismo! Como podem os editores não perceber que estão a fazer jornais propriamente ilegíveis, que os leitores rejeitarão mais cedo ou mais tarde? Pegue-se no maior diário espanhol, El País (444 290 ex.): praticamente tudo nele está escrito em castelhano. Na pior das hipóteses, o termo em castelhano é seguido do original em língua estrangeira entre parênteses.
Que falta de respeito pelos leitores é esta que autoriza uma tal ausência de sentido da exigência em termos de lin-guagem? Não haverá lexicógrafos neste país capazes de fazer os jornalistas portugueses falar e escrever em português? Quando compreenderão os responsáveis dos media nacionais que só uma linguagem límpida e rigorosa poderá permitir que se encare seriamente um alargamento sensível do "leitorado" de uma publicação?.."

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

A questão é que há termos do chamado inglês técnico intraduzíveis em português. E agora fui eu que inventei pois então...