terça-feira, 4 de dezembro de 2007
E neste cair de mais uma noite de outono, fria, puxo pelo Fernando Pessoa e penso, relaxadamente, enquanto a chuvinha cai batendo na minha vidraça...
"Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.
Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta!"
Fernando Pessoa, 5-9-1934.
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