sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas, e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros ?
Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?
Fugaz, com que direito tens-me pressa
A alma, que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:
E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética e indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!
“Soneto da Lua”, Vinicius de Moraes

2 comentários:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

gosto a sua forma de combinar os poemas com as imagens!

e é bom reler Vinicius sempre, flip!

Flip disse...

obg Júlia, os poemas merecem sempre o melhor e faço por isso, ainda bem que gosta :-)