domingo, 15 de fevereiro de 2009


Poema da minha querida amiga Ani Prata:

África

Soletro e grito teu nome,
com ganas, vontade e raiva,
de te querer e não poder
talvez, jamais encontrar,
aqueles cheiros insaciáveis,
de terra virgem, chovida, batida,
do mistério, do mágico, de sensacional,
dos verdes, das trovoadas e chuvadas

África

Terra prometida da minha infância,
dos sonhos, sonhados com medo
dos animais fantásticos, dos humanos primitivos,
dos muquixes e feiticeiros,
das hienas, cobras e leões,
das brincadeiras já vividas,
aos índios, policias e ladrões.

África

De misturas, de pretos e brancos,
de alegrias, batucadas, merengadas,
cheia de mistérios nos seus encantos,
da melodia da viola ao kissange,
das pertubantes queimadas,
paisagem inesquecível, deslumbrante,
do fascínio do medo, das florestas,
do silêncio das intermináveis savanas.

África

Do sol que nos bronzeava a pele,
das praias, ilhéus e ilhas encantadas,
dos campos de sisal, canas e girassóis,
das acácias rubras, das palmeiras,
dos imbondeiros e pitangueiras,
do sabor acre da múcua,
do abacaxi, abacate e gajajeiras,
do picante afrodisíaco da quitaba,
da mandioca e farinha de milho,
do pilão da preta da cubata.

África

Mais dos outros que minha,
por vezes meu corpo bambuleia,
ao som das merengadas que inspiro,
que tranzo e danço animada,
agitando meu sangue que corre na veia,
talvez preta ou talvez branca,
que te recordo nos meus sonhos,
de mulher de menina enfeitiçada.

Ani Prata

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