domingo, 1 de fevereiro de 2009


Hoje, num zapping pela tv, deparei com o canal rtp áfrica e um programa sobre cantos e danças de Angola, fiquei deliciado, novos e velhos, eles e elas, na sua comunidade, partilhando o doce sabor de se divertirem na sua simplicidade e conviverem ao som dos batuques e entoando aquelas cantilenas tribais a que cheguei a assistir. E o programa levou-me ainda mais longe, fez-me recuar no tempo e lembrar-me, quando passava na sanzala com meu pai, de ver como aqueles meninos adaptavam pedaços de materiais diversos para seu gozo e se divertiam tão simplesmente, verdadeiros artífices de uma arte sem curso homologado construiam verdadeiras obras de arte, carros que giravam com os pés, uns maiores outros menores e de pensamento em pensamento lembrei com o maior carinho, os meus queridos ama-secas, o Manoel, o Adão, o Abel, e não pude deixar de me engasgar um pouco com a emoção de os recordar e de reconhecer o quanto gostava deles. Separavam-nos talvez uns dez anos. Não eram só as brincadeiras que partilhávamos, o futebol e o judo, era também o lanche, as letras da escola, as histórias e os livros coloridos que liamos juntos, compensando-me eles com a sua supervisão e cuidado, além dos abacates que traziam da sanzala, sabiam que adorava aquela fruta maravilhosa. E tudo sem distinção do que quer que fosse. É assim que os recordo e assim os guardarei eternamente no coração. Um abraço bem forte, onde quer que estejam.

2 comentários:

Maria Eduarda disse...

Os meninos africanos continuam a fabricar os seus próprios brinquedos. Que são bem mais valiosos do que os que vemos nas lojas por esta Europa velha fora. Lembro especialmente um que inventou uma máquina de fazer cinema. Ora toma!

Flip disse...


sério? Ainda não contáste essa.....
Admirava e admiro a sua capacidade de com tão pouco serem autênticos artífices, a necessidade aguça o engenho? Talvez...tão candengues e com mestria no domínio disto e daquilo, adorava ver o que construíam...